Loja de conveniência: "As lojas de conveniência já são a principal razão para o consumidor ir ao posto. Ele vai mais vezes para a loja do que para abastecer" (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2016 às 20h56.
Rio - Em ano fraco no varejo brasileiro, com queda de 4,3% no faturamento, as lojas de conveniência do País registraram uma alta de 11,5% em 2015.
Ao todo, as lojas faturaram mais de R$ 6 bilhões - uma alta de 284% em dez anos.
O desempenho do setor é um dos principais fatores que explica a disputa acirrada nas vendas de participações nas grandes redes distribuidoras de combustíveis, como a BR, da Petrobras, e a Alesat, que na última segunda-feira foi vendida para a Ipiranga por R$ 2,1 bilhões.
"As lojas de conveniência já são a principal razão para o consumidor ir ao posto. Ele vai mais vezes para a loja do que para abastecer", pontua o diretor de mercado do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom).
"O segmento passa por uma consolidação, principalmente na oferta de alimentos. É um negócio importante que tem se tornado o foco das grandes redes", completa.
De acordo com o anuário do setor, divulgado pelo Sindicom nesta quinta-feira, 16, o segmento de conveniência fechou o ano de 2015 com faturamento de R$ 6,8 bilhões.
Ao todo, são mais de 7,3 mil lojas no País, sendo a Ipiranga, do grupo Ultra, a líder em número de estabelecimentos. Com a confirmação do negócio no último domingo, a empresa passará a ter cerca de 2.200 estabelecimentos - 30% do mercado brasileiro.
A empresa também é líder em faturamento das lojas de conveniência, de acordo com o Sindicom. Foram R$ 1,8 bilhão em 2015. Já na Ale, que tem sua rede de revendedores focada na região Nordeste, o faturamento superou R$ 200 milhões.
A BR Distribuidora registrou faturamento de R$ 1,1 bilhão, mesma faixa da Raízen, que controla a marca Shell. A subsidiária da Petrobras está na relação de ativos cotados para desinvestimentos desde o último ano.
A estatal avalia vender participações e até mesmo o controle da distribuidora de combustíveis. O processo, acelerado no último ano, foi preterido entre outros ativos na lista após críticas internas no conselho de administração quanto ao modelo proposto para a venda.
De acordo com o anuário, a categoria de serviços de alimentação representou 17,4% do faturamento das lojas. Ainda assim, a principal categoria de consumo das lojas é a tabacaria, com mais de 40% de participação nas vendas.
Em segundo lugar, aparecem as cervejas (22%), as bebidas não alcoólicas (19%) e bomboniere (9,5%).
"O segmento conveniência perdeu lares compradores (-13%), mas os lares mantidos aumentam a frequência no canal (+32,8%), gerando aumento no volume (+13,9%) e no gasto médio anual (+18,9%)", indica o balanço do Sindicom.
Combustíveis
O balanço do Sindicom também reforçou o cenário de crise para a revenda de combustíveis no País em 2015. Em linha com os dados divulgados pela ANP, o sindicato mostra que o setor registrou queda de 2% nas vendas - a primeira em dez anos.
A queda não foi maior em função do forte crescimento nas vendas de etanol (37,5%), mais competitivo em relação à gasolina, que registrou queda de 7,3% nas vendas.
"Aconteceram, simultaneamente, o fim de incentivos à compra de veículos novos, a redução da massa de rendimentos da população e reajustes acentuados nos preços da gasolina", informa o relatório.
A situação de altos preços no mercado doméstico, associada à queda nas cotações internacionais do petróleo, favoreceu um aumento recorde de importações dos combustíveis.
O número de importadoras autorizadas pela ANP subiu 12% no último ano. Apenas a importação de diesel caiu - a primeira vez nos últimos três anos.
A situação gerou uma queda de 1,9 ponto porcentual na participação de mercado da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A estatal encerrou 2015 com participação de 34,9% no mercado, à frente da Ipiranga, com 19,6% de Market share.