Economia

Fator previdenciário é espécie de esparadrapo, diz FHC

Ex-presidente explicou que fator foi criado em sua gestão depois que o Congresso Nacional não aceitou um aumento do tempo de trabalho para as aposentadorias


	Fernando Henrique Cardoso: "Eu nunca quebrei o Brasil", protestou o ex-presidente
 (FHC/Divulgação)

Fernando Henrique Cardoso: "Eu nunca quebrei o Brasil", protestou o ex-presidente (FHC/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2014 às 16h59.

São Paulo - O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta segunda-feira, 22, que a proposta apresentada pelo candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, de acabar com o fator previdenciário, pode ser executada desde que se analisem todas as premissas que o assunto exige.

"O fator previdenciário é uma espécie de esparadrapo para resolver uma situação não definida."

E saiu em defesa de seu correligionário, dizendo que o presidenciável tucano defendeu a proposta levando em conta que sua eventual gestão deverá fazer a economia crescer e será uma economia responsável.

"Com isso, é possível buscar mecanismos para substituir este esparadrapo para dar mais fôlego à questão da Previdência Social."

Ele explicou que este fator foi criado em sua gestão depois que o Congresso Nacional não aceitou um aumento do tempo de trabalho para as aposentadorias.

"Basicamente a esperança de vida aumentou, as pessoas vivem mais tempo e o mais racional é que a idade fosse aumentada, mas a proposta foi recusada pelo Congresso por um voto."

Em função disso, o seu governo instituiu este fator para equilibrar as finanças da Previdência.

"Isto é tão significativo que, por pressão política, o Congresso derrubou essa lei (na gestão do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva) e o Lula vetou o fim do fator previdenciário", emendou.

Em entrevista coletiva concedida após evento com empresários na capital paulista, que contou com a participação do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, FHC disse que não entende como a presidente Dilma Rousseff pode ser economista.

Em palestra proferida no almoço com cerca de 600 empresários, ele já havia feito esta ironia, rebatendo a afirmação da petista de que por conta dos empréstimos tomados pelo país em sua gestão, o tucano havia quebrado o Brasil duas vezes.

"Eu nunca quebrei o Brasil", protestou. Na entrevista, ele refutou o argumento da presidente sobre a economia brasileira depender em certa medida do desempenho da economia norte-americana.

"Não se pode achar que o Brasil depende da recuperação dos EUA, pois o país já está atrasado, os EUA estão se recuperando há cinco anos." E repetiu: "Não sei como ela pode ser economista, não entendo."

Petrobras

O ex-presidente defendeu que a campanha de Aécio "dramatize" mais o episódio envolvendo o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato.

"Não sou marqueteiro, mas a dramatização é um modo de comunicação importante. A Marina (Silva) respondeu a Dilma de forma dramática quando disseram que ela acabaria com o Bolsa Família. Por que o Aécio não pode fazer isso?", questionou.

Acusado de participar de um esquema que desviava dinheiro da estatal petrolífera para o pagamento de propina, Costa está preso desde março e vem colaborando com a Justiça em um acordo de delação premiada.

Conforme divulgado pela imprensa, ele já teria citado mais de 30 nomes de políticos, dentre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o governador do Ceará, Cid Gomes (PROS) que estariam envolvidos em um esquema de pagamento de propinas em contratos da estatal.

Ainda segundo o ex-presidente, o PSDB tem uma grande estrutura e precisa acioná-la. Questionado sobre a possibilidade de participar de um governo em uma eventual vitória da candidata do PSB, Fernando Henrique afirmou que não fará especulação sobre o assunto.

"A vitória de Marina é tão eventual quanto a de Aécio. Se ele conseguir ótimo. Se não, fez o seu dever. Não fico especulando", disse.

Paralelo

Armínio Fraga por sua vez criticou a campanha de Dilma por ter exibido um vídeo que relaciona a independência do Banco Central à falta de comida na mesa das pessoas.

"Esse ataque à independência do Banco Central e à Marina é uma loucura", por outro lado, Fraga afirmou que "cabe um paralelo entre os casos do mensalão e da Petrobras".

Na exposição feita durante o almoço, Armínio Fraga criticou o atual cenário eleitoral.

"O quadro desta eleição é o mais populista que vi na minha vida". O presidente do BC, também disse que apesar do diagnóstico da economia ser simples, a resposta do governo tem sido muito voltada à demanda.

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