Economia

Segundo trimestre deve ser bem pior para o PIB, diz presidente do BC

De acordo com Campos Neto, o fator medo faz com que mesmo depois da quarentena o fluxo de pessoas não volte ao padrão de 2019

ROBERTO CAMPOS NETO: segundo o presidente do Banco Central, erca de 60 fintechs poderão ser autorizadas no ano que vem / REUTERS/Amanda Perobelli/File Photo (Amanda Perobelli/Reuters)

ROBERTO CAMPOS NETO: segundo o presidente do Banco Central, erca de 60 fintechs poderão ser autorizadas no ano que vem / REUTERS/Amanda Perobelli/File Photo (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de junho de 2020 às 12h48.

Última atualização em 1 de junho de 2020 às 13h09.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 1º de junho, que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ser "bem pior" no segundo trimestre de 2020, em função da pandemia do novo coronavírus.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB recuou 1,5% no primeiro trimestre, ante os três meses anteriores. O porcentual refletiu apenas os primeiros efeitos da pandemia sobre a atividade.

"O PIB do primeiro trimestre só teve um pouco do efeito (da pandemia) em março", afirmou Campos Neto.

Ele pontuou, no entanto, que o setor agrícola segue com resultados positivos, inclusive no primeiro trimestre. "O segundo trimestre deve ser bem pior para o PIB. Esperamos recuperação do PIB a partir do terceiro trimestre."

Ao avaliar os dados de atividade, Campos Neto também afirmou que houve uma piora crescente da expectativa entre agentes econômicos sobre o PIB.

De fato, no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda, a projeção mediana para o PIB já indica queda de 6,25% em 2020. Sobre o mercado de trabalho, ele afirmou que a queda do emprego registrada no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi "sem precedentes". Apenas em abril, foram fechadas no Brasil 860.503 vagas de trabalho com carteira assinada.

Juros

O presidente do Banco Central reafirmou que não é possível manter uma taxa de juros estruturalmente baixa no Brasil "se o fiscal não estiver arrumado". Atualmente, a Selic (a taxa básica de juros) está em 3,00% ao ano, no menor nível da história.

Campos Neto afirmou ainda que a dívida bruta é um conceito contábil "um pouco distorcido" no Brasil. "É como uma empresa olhar o passivo, mas não olhar todos os ativos. As reservas não entram na conta", afirmou.

A dívida bruta brasileira atingiu 79,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril, conforme os dados do próprio BC. Já a dívida líquida - que leva em conta as reservas internacionais - atingiu 52,7% do PIB no fim de abril.

Campos Neto descartou ainda a venda de reservas internacionais para o abatimento da dívida bruta ou para o investimento na infraestrutura. Segundo ele, isso é um "tema contábil" e não faria sentido.

"Alguns países acumulam reservas porque têm superávit. O Brasil se endividou para comprar um ativo, que são as reservas", explicou Campos Neto.

Segundo ele, com a venda de reservas, ainda sobraria a dívida.

As declarações de Campos Neto foram feitas em audiência pública virtual da comissão mista do Congresso voltada para o acompanhamento das medidas econômicas do governo durante a pandemia do novo coronavírus.

Mais notícias sobre economia brasileira

Campos Neto prevê queda do PIB de 5% ou mais em 2020

Contratação global se estabiliza mesmo sob impacto da pandemia

“Só na 2ª metade da década teremos ritmo pré-covid”, afirma Mario Mesquita

Plano de retomada de Guedes será centrado na agenda de reformas

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCrise econômicaRoberto Campos Neto

Mais de Economia

Governo estuda comprar alimentos que perderiam mercado nos EUA, diz Haddad

Haddad diz que fala de Trump sobre possível contato com Lula após tarifaço é 'ótima'

Lula cobra ministros e Galípolo sobre demora para lançamento de programa habitacional

Haddad diz que governo não deve retaliar EUA e vai anunciar medidas na próxima semana