Economia

Fãs do Brexit, idosos enfrentam buraco previdenciário maior

Cerca de 60 por cento dos britânicos com 65 anos ou mais votaram pela saída do maior bloco comercial do mundo no último referendo


	Idoso: ironia evidente é que os cidadãos mais velhos são, também, aqueles que mais dependem das pensões e estas enfrentam a piora do déficit de recursos desde o referendo do Brexit
 (Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Publicas)

Idoso: ironia evidente é que os cidadãos mais velhos são, também, aqueles que mais dependem das pensões e estas enfrentam a piora do déficit de recursos desde o referendo do Brexit (Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Publicas)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2016 às 20h34.

Completar 65 anos no Reino Unido era sinônimo de aposentadoria compulsória e um futuro de férias sem fim.

Mas em 2016 passou a significar um limite muito diferente: a adesão ao grupo etário mais pró-Brexit do referendo de 23 de junho sobre a União Europeia.

Cerca de 60 por cento dos britânicos com 65 anos ou mais votaram pela saída do maior bloco comercial do mundo no último referendo, maior total entre todas as faixas etárias, segundo duas pesquisas boca de urna diferentes.

A ironia evidente é que os cidadãos mais velhos são, também, aqueles que mais dependem das pensões e estas enfrentam a piora do déficit de recursos desde o referendo do Brexit.

Os déficits combinados de todos os regimes de pensões de benefício definido do Reino Unido, que normalmente são patrocinados pelos empregadores e prometem um pagamento mensal específico ou benefícios na aposentadoria, aumentaram de 820 bilhões de libras (US$ 1,1 trilhão) para 900 bilhões de libras da noite para o dia após o referendo, segundo a consultoria previdenciária Hymans Robertson.

Desde então, o déficit cresceu ainda mais, atingindo um recorde de 935 bilhões de libras em 1º de julho.

A queda aguda dos yields dos títulos soberanos britânicos para mínimas recorde e o declínio similar dos rendimentos dos títulos corporativos são os grandes culpados pelo aumento dos passivos nas pensões de benefício definido.

O motivo é que a renda fixa representava 47,5 por cento do total de ativos dos fundos de pensões corporativos em 2014, dos quais cerca de três quartos foram emitidos pelo governo britânico e/ou são denominados em libras, segundo a Investment Association Annual Survey de 2015.

E a queda pode ainda não ter chegado ao fim. Apesar de o Banco da Inglaterra ter adiado a redução da taxa de juros ou o aumento das aquisições de ativos em sua reunião de 14 de julho, os primeiros sinais mostram problemas futuros sérios para a economia do Reino Unido.

Se acabar sendo necessária a aplicação de flexibilização quantitativa adicional para compensar a incerteza crescente, isso sugeriria “que os rendimentos dos títulos vão cair, o que torna as pensões muito mais caras de oferecer”, disse a ex-ministra da Previdência, Ros Altmann, na semana passada.

“Os déficits seriam maiores se os yields dos gilts caíssem ainda mais”.

Altmann disse que, além dos yields do gilt, qualquer coisa que prejudique a economia é má notícia também para as pensões.

A expectativa atual é que o produto interno bruto do país crescerá 1,5 por cento neste ano e apenas 0,6 por cento em 2017, segundo uma pesquisa da Bloomberg com economistas, realizada entre 15 e 20 de julho.

Antes do referendo do Brexit, as projeções eram de 1,8 por cento e 2,1 por cento, respectivamente.

Com a economia mais fraca, as empresas terão uma capacidade menor de pagar contribuições extras, precisamente no momento em que os regimes de pensões enfrentam um crescente déficit de financiamento, possivelmente ameaçando os pagamentos futuros aos pensionistas e criando um círculo vicioso.

“Se as empresas precisam colocar ainda mais dinheiro em seus regimes de pensão do que antes enquanto seus negócios estão perdendo força, então claramente suas empresas se tornarão ainda mais fracas”, disse Altmann.

Em outras palavras, más notícias para os maiores apoiadores do Brexit.

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