Economia

Famílias comprometem 29,4% da renda com dívidas, maior índice desde 2005

O endividamento das famílias brasileiras atingiu 52,9% das famílias em agosto

Estados Unidos: o PIB dos Estados Unidos cresceu 2,6% de julho a setembro (Seb Oliver/Getty Images)

Estados Unidos: o PIB dos Estados Unidos cresceu 2,6% de julho a setembro (Seb Oliver/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de outubro de 2022 às 16h34.

Última atualização em 27 de outubro de 2022 às 16h43.

Dados divulgados pelo Banco Central (BC), nesta quinta-feira, apontam que o comprometimento da renda das famílias brasileiras com dívidas chegou a 29,4% em agosto, maior índice da série histórica, iniciada em 2005. Neste mesmo mês, o endividamento atingiu 52,9% das famílias, o segundo maior patamar da série histórica.

Como mais famílias endividadas comprometendo uma fatia maior da renda com isso, a inadimplência também cresceu. O percentual de pessoas que não conseguem pagar as contas no prazo correto está em 5,7%, maior patamar desde agosto de 2017.

Na estatística de endividamento que desconsidera o financiamento imobiliário, o comprometimento da renda das famílias é de 27,2%, maior patamar da série histórica. Em contrapartida, o endividamento ao excluir os financiamentos imobiliários é de 33,5%, levemente inferior ao registrado no mês anterior.

Renato Baldini, chefe adjunto do departamento de estatísticas do BC, explica que a autoridade monetária calcula o volume de crédito tomado pelas famílias em relação à renda anual para mensurar o endividamento. A elevação desse percentual reflete o aumento dos financiamentos de veículos, habitacionais e créditos de curto prazo.

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Em agosto, o índice apresentou um leve recuo de 0,3 ponto percentual em relação ao medido em julho. Mas no acumulado, está avançando. Foram 2,5 p.p. nos últimos 12 meses: "se pegar um período mais longo, reflete uma busca maior de acesso aos produtos de crédito pelas famílias", diz ele.

Já o comprometimento de renda mede o quanto da renda é usada mensalmente para o pagamento dos compromissos financeiros junto aos tomadores de crédito. Baldini lembra que ele é afetado pela renda em si — quando a renda aumenta, proporcionalmente os gastos com crédito tendem a ocupar uma proporção menor e quando a renda diminuiu acontece o contrário — e também pelo perfil da dívida, em relação ao nível da taxa de juros e duração do financiamento.

Com a taxa de juros mais elevada, como agora, a tendência é de elevação do comprometimento de renda mensal. Já financiamentos de longo prazo, como os habitacionais, representam menor avanço sobre a renda mensal, porque seu custo é diluído ao longo de um período maior. Já operações de crédito mais curto tendem a impactar mais a renda mensal.

"A composição do crédito tem algum efeito, mas a gente tem observado uma elevação das taxas médias de juros, e essa elevação, associada também ao comportamento da taxa básica de juros (a Selic, fixada em 13,75% ao ano), se reflete diretamente no comprometimento de renda", avalia.

Custo de crédito mais elevado

Um reflexo da Selic mais alta é o aumento do custo de crédito, que está mais elevado para pessoas físicas. Em média, a taxa de juros cobradas de pessoas físicas está no patamar de 53,7% ao ano, considerando o mês de setembro.

O crédito mais caro do mercado, o rotativo do cartão de crédito, quando o valor integral da fatura não é pago até a data do vencimento, ficou em 388,7% ao ano em setembro.

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