Menino segura bandeira dos Estados Unidos durante rodeio no Novo México (REUTERS/Lucy Nicholson)
João Pedro Caleiro
Publicado em 29 de julho de 2014 às 16h06.
São Paulo - O século XXI não tem sido exatamente positivo para os Estados Unidos.
De acordo com um estudo da Russel Sage Foundation, o patrimônio líquido de uma família americana média foi de US$ 87.992 em 2003 para US$ 56.335 em 2013, ajustado pela inflação.
Entre 2003 e 2007, a renda ainda crescia; a queda de mais de 30 mil dólares (ou 36%) ocorreu depois de 2008.
Ela é explicada pelo efeito da grande recessão sobre a principal fonte de riqueza da classe média: os preços das suas casas, que na metade do ano passado ainda continuavam 20% abaixo do seu pico pré-crise.
Os 5% mais pobres perderam ainda mais. Em 2003, eles tinham patrimônio líquido de 9 mil dólares negativos, uma dívida que triplicou para 27 mil dólares em 2013.
Desigualdade
A situação é bem diferente para os 10% mais ricos do país, que também perderam muito patrimônio com a crise, mas conseguiram se recuperar.
Entre os 5% no topo da pirâmide, o patrimônio líquido foi de US$ 1,19 milhão em 2003 para US$ 1,36 milhão em 2013 - abaixo do pico de US$ 1,62 milhão em 2007, mas ainda assim um ganho de 14% no balanço da década.
A explicação para isso é que "famílias abastadas tem mais chance do que outras de terem ações e portfólios amplos, o que permitiu a elas se beneficiarem dos ganhos no mercado de ações", segundo Fabian T. Pffefer, Sheldon Danziger e Robert F. Schoeni, autores do estudo.
O mercado de ações, ao contrário da taxa de desemprego e dos salários, se recuperou relativamente rápido e já voltou desde meados do ano passado para o mesmo nível do pré-crise.
"A economia americana experimentou uma crescente desigualdade de renda e de riqueza por muitas décadas, e há pouca evidência de que estas tendências sejam revertidas no curto prazo", conclui o trabalho.
Em abril, o New York Times decretou que a classe média americana foi ultrapassada pela canadense e já não é a mais rica do planeta.