Economia

Falta de mão de obra capacitada afeta plano de emprego de Trump

A meta dele é criar 25 milhões de novos postos de trabalho, principalmente nas fábricas que pretende levar de volta aos EUA

Trump: os líderes das companhias já estão tendo dificuldades para encontrar americanos suficientes para preencher vagas no setor de manufatura (Win McNamee/Bloomberg)

Trump: os líderes das companhias já estão tendo dificuldades para encontrar americanos suficientes para preencher vagas no setor de manufatura (Win McNamee/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 21h03.

Nova York - Agora que colocou o cargo de presidente no currículo, Donald Trump está de olho em outro título: chefe de geração de empregos do país.

A meta dele é criar 25 milhões de novos postos de trabalho, principalmente nas fábricas que pretende levar de volta aos EUA.

Contudo, seu trabalho enfrentará um grande obstáculo, considerando que os líderes das companhias já estão tendo dificuldades para encontrar americanos suficientes para preencher vagas no setor de manufatura.

O lado positivo é que Trump herda um mercado de trabalho saudável. Dados do ADP Research Institute mostram que o número de contratações de janeiro foi o melhor em sete meses.

Os economistas estimam que os números oficiais do mercado de trabalho, a serem divulgados na sexta-feira, confirmarão que os empregadores dos EUA contrataram a um vigoroso ritmo de 175.000 pessoas por mês.

Mas segundo a pesquisa da consultoria de recursos humanos Randstad Sourceright, a demanda não atendida por talentos afeta o panorama que, do contrário, seria otimista.

A empresa consultou mais de 400 executivos dos EUA e concluiu que as empresas esperam contratar fortemente no próximo ano para fazer frente ao crescimento antecipado -- 41 por cento delas contratará mais funcionários, contra 32 por cento no ano passado.

Mas um número ainda maior destes executivos prevê que a falta de profissionais qualificados afetará suas empresas no futuro.

Quatro quintos dos executivos consultados disseram que a falta de trabalhadores com qualificação suficiente afetará suas empresas nos próximos 12 meses.

O setor mais representado na pesquisa é o de manufatura, que a Casa Branca de Trump chama de “espinha dorsal da nossa economia”.

As queixas a respeito da dificuldade para preencher vagas em fábricas são respaldadas por dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA: foram criados 324.000 empregos no setor de manufatura em novembro, contra 238.000 um ano antes.

“A escassez de profissionais é um resultado direto do pleno emprego da força de trabalho, especialmente em cargos em TI ou que demandam outras capacitações técnicas”, disse Rebecca Henderson, CEO da Randstad Sourceright, explicando que as empresas estão usando trabalhadores imigrantes e estrangeiros para complementar sua força de trabalho.

“As lacunas são preenchidas com trabalhadores dispostos a vir para os EUA com o conjunto de habilidades e o nível de escolaridade corretos, mas a outra tendência que se vê é de esse trabalho ser realizado no exterior.”

Apesar de o setor de tecnologia estar optando pelo exterior para driblar a falta de profissionais nos EUA, fabricantes do país confiam cada vez mais em outra tendência: a automação, que ajuda a competir com mercados que utilizam mão de obra estrangeira de menor custo.

Os grandes empregadores também estão usando trabalhadores contingenciais, que trabalham sob demanda, para manter sua agilidade. Um terço das empresas previu que 30 por cento de sua força de trabalho será flexível no próximo ano.

A grande dúvida agora é se as políticas de Trump serão capazes de vencer essa falta de habilidades básicas e de criar trabalhos bons e duradouros para os americanos, ou se os novos empregos que surgirem durante sua presidência continuarão acompanhando as tendências da economia de bicos e da automação.

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