Agência de notícias
Publicado em 10 de julho de 2025 às 17h28.
Última atualização em 10 de julho de 2025 às 17h36.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira que o que chamou de "extrema direita" está envolvida a decisão do governo americano de taxar as importações de produtos brasileiros em 50% a partir de 1º de agosto. Segundo Haddad, o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump não se justifica.
— Seria bom que os setores extremistas da sociedade brasileira que concorreram para esse resultado se desmobilizassem nos Estados Unidos e passassem a defender o interesse nacional — disse o ministro. — A extrema direita brasileira está envolvida no ataque dos Estados Unidos ao Brasil, que ela agora procure corrigir o estrago que fez — afirmou.
Haddad citou Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, como um dos responsáveis por incitar a medida junto ao governo de Donald Trump.
— Tem um filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, celebrando a decisão tomada e ameaçando o Brasil com novas decisões. Está agindo contra os interesses nacionais. E gestou essa retaliação ao Brasil de lá. Não é uma coisa aceitável.
Haddad disse que a tarifa contra o Brasil "não se justifica sob nenhum ponto de vista", menos ainda do ponto de vista econômico.
— Quem poderia estar pensando em proteção era o Brasil. Na minha opinião isso não tem a menor justificativa e temos um grupo de trabalho para analisar a lei de reciprocidade — disse.
Entre os mecanismos em estudo, Haddad mencionou um "rol enorme de medidas não tarifárias", que podem ser acionados como resposta à decisão norte-americana.
— Há uma serie de alternativas que vão ser consideradas, o que nãos significa que vão ser acionadas.
Mais cedo, Haddad já classificou a taxação do governo americano como uma "agressão". Ele atribuiu a decisão de Trump à articulação do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu grupo político para aplicar punições ao Brasil, em meio ao julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
— É uma agressão que vai ficar marcada como uma coisa inaceitável e inexplicável, um governo entrar na onda de um político extremista local para atacar um país de 215 milhões de habitantes — disse o ministro.
Aliado de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas disse na quarta-feira que o presidente Lula é responsável pela decisão do governo americano. Questionado sobre a declaração, Haddad afirmou que o ex-ministro é candidato a "vassalo".
— O governador (Tarcísio) errou muito. Porque ou bem uma pessoa é candidata à presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou. O que está se pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum fundamento econômico.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, as vendas de produtos brasileiros ao país ultrapassaram os US$ 40 bilhões. No agronegócio, Brasil e EUA são concorrentes no mercado mundial de alguns produtos, como soja e algodão.
Trump anunciou na quarta que vai impor tarifas de 50% sobre o Brasil, a partir de 1° de agosto — um aumento drástico que veio após duras críticas do presidente americano às políticas internas e externas do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele afirmou que, se o Brasil retaliar os EUA, vai acrescentar o percentual da reação aos 50%, aumentando ainda mais a sobretaxa de produtos brasileiros em seu país. Apesar de o Brasil comprar mais do que vende aos EUA desde 2009, Trump fala em relação comercial injusta no texto.