Economia

Exportação de algodão do Brasil deve crescer mais de 35% em 2019, diz Anea

Alta nas exportações para o próximo ano reflete expansão da produção recorde prevista no ano, de cerca de 2,5 milhões de toneladas

Algodão: exportações de algodão em pluma do Brasil devem aumentar em ao menos 500 mil toneladas no ano comercial de 2019 (Eddie Seal/Bloomberg)

Algodão: exportações de algodão em pluma do Brasil devem aumentar em ao menos 500 mil toneladas no ano comercial de 2019 (Eddie Seal/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 15h13.

São Paulo - As exportações de algodão em pluma do Brasil devem aumentar em ao menos 500 mil toneladas no ano comercial de 2019 ante 2018, ou mais de 35 por cento na comparação anual, com safras recordes e fortes vendas antecipadas, disseram representantes do setor nesta segunda-feira.

Os embarques, contudo, deverão ser diluídos ao longo de todo o ano que vem, em vez de se concentrarem no segundo semestre, como tradicionalmente acontece. Isso devido à menor disponibilidade de contêineres para embarques, um problema logístico que também aflige o setor de café.

O setor exportador ainda não tem uma ideia clara do que pode ocorrer com as exportações da pluma em 2019, caso a China e os Estados Unidos caminhem para encerrar uma guerra comercial.

O incremento de exportações esperado para o próximo ano reflete a expansão de produção prevista para o Brasil, para um recorde de cerca de 2,5 milhões de toneladas, após cerca de 2,1 milhões em 2018. O plantio da nova safra está prestes a começar, com a colheita sendo realizada em meados do próximo ano. "Esperamos exportação de 1,25 milhão de toneladas para este ano de 2018 e ao menos 1,7 milhão de toneladas em 2019", afirmou à Reuters o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski. A entidade considera o ano de julho a junho para sua estimativa.

Para dar conta desse volume, a tendência é que os embarques se diluam cada vez mais ao longo do ano, uma vez que o Brasil, em razão da menor quantidade de importações, dispõe atualmente de menos contêineres para realizar os envios. A companhia marítima Maerks chegou a citar tal cenário em boletim na semana passada. "Vamos ter de alongar a exportação", afirmou Snitcovski, destacando que, tradicionalmente, cerca de 60 a 70 por cento das vendas se concentram no segundo semestre, algo que pode cair para "50 a 55 por cento" já no próximo ano.

Um melhor planejamento por parte do setor e navios com contêineres adicionais têm ajudado com relação às exportações do Brasil nos últimos meses, disse Snitcovski nos bastidores de evento do setor em São Paulo.

Também presente no evento, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo Moura, disse que toda safra de algodão deste ano já foi comercializada e que 70 por cento da próxima já tem vendas travadas. "A questão dos contêineres continua séria. Tem carga que deveria estar saindo e que está com um atraso de duas a três semanas", afirmou Moura, descartando, por ora, qualquer cancelamento de venda.

O fato é que exportações maiores pelo Brasil, além de poder colocar o país como segundo maior exportador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, devem favorecê-lo no comércio com a China, um dos maiores importadores mundiais da fibra. "Com o Brasil se tornando o segundo maior exportador, para a China será importante manter negócios tanto com o Brasil quanto com os Estados Unidos", avaliou Snitcovski, da Anea, evitando fazer comentários sobre a guerra comercial sino-americana, diante das incertezas.

China e EUA deram uma trégua na guerra comercial deflagrada neste ano, envolvendo tarifas de retaliação sobre bilhões de dólares em bens de ambos os países, incluindo o algodão. Apesar de um fim da disputa ainda não ter ocorrido, a notícia serviu para animar o mercado, com os contratos futuros da commodity disparando na Bolsa de Nova York (ICE), nesta segunda-feira.

As duas maiores economias do mundo não aplicarão novas tarifas sobre os produtos um do outro pelos próximos 90 dias, conforme acordo entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping durante a cúpula do G20, em Buenos Aires, no fim de semana. "Será um período importante para ver se os chineses voltam a comprar", afirmou Moura, da Abrapa. Conforme ele, em um prazo de "seis a sete anos" o Brasil poderá passar os EUA como maior produtor mundial da fibra graças a melhores produtividades e manejo da lavoura.

Nova gestão

O evento também marca a apresentação do cotonicultor Milton Garbujo como novo presidente da Abrapa a partir de 2019, por um período de dois anos. À Reuters, ele elogiou a ministra da Agricultura indicada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS). "As promessas são boas, estamos bastante esperançosos." Ele também afirmou que, entre seus desafios, está buscar melhorias para o escoamento da safra de algodão do Brasil.

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