Para especialista, exportar apenas commodities, como a soja, prejudica a indústria (.)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2010 às 18h07.
Brasília - A balança comercial registrou superávit de US$ 3,44 bilhões. O resultado é recorde no ano, mas o diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Eiiti Sato, diz que é necessário olhar o resultado dentro de uma série histórica. "Não dá para comemorar resultado positivo de um mês isolado, podem ocorrer fatores sazonais, ou até mesmo erros de contabilização", avalia.
Para Sato, o aumento de exportações - em maio, a média diária totalizou US$ 843,0 milhões - é bom, mas também é necessário prestar atenção nos detalhes das transações. "O Brasil está voltando a se tornar um grande exportador de commodities, e isso pode ser ruim para a indústria", explica o professor. Segundo Sato, a exportação de manufaturados do Brasil não tem crescido tanto quanto produtos do agronegócio e commodities que o país tem tentado emplacar no mercado exterior, como álcool e petróleo.
"Exportar commodities não é ruim. Se há oportunidade de negócio, deve ser feito, mas é preciso se preocupar com os manufaturados. A indústria é a grande empregadora e o Brasil precisa disso", pondera Eiiti Sato. Segundo ele, o país precisa resolver vários problemas de infraestrutura que atrapalham o desenvolvimento da indústria brasileira.
Câmbio e novo modelo econômico
Eiiti Sato destaca o câmbio valorizado como mais um fator a se considerar quando se é um grande exportador de commodities. O especialista explica que a predominância deste tipo de exportação pressiona o câmbio brasileiro, tornando os manufaturados nacionais mais caros. "Se o câmbio está baixo, as pessoas vão querer ir para Nova York ou Miami fazer compras, mas para as exportações, o dólar barato não compensa", pondera.
Segundo Sato, o mundo está se ajustando a uma realidade nova. "A economia global vinha se mantendo da mesma forma, mas as coisas mudaram, e todos têm que se adaptar a um novo modelo econômico, que incluem os países emergentes como atores importantes", analisa o professor, que inclui a China como um dos protagonistas deste novo modelo.