Investimentos Diretos: este mês, até dia 21, o IDP já soma US$ 5 bilhões (iStock/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de junho de 2018 às 15h21.
Última atualização em 25 de junho de 2018 às 15h35.
Brasília - O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta segunda-feira, 25, que a expectativa para junho é de Investimento Direto no País (IDP) de US$ 6 bilhões. Este mês, até dia 21, o IDP já soma US$ 5 bilhões.
Rocha pontuou ainda que, na passagem de abril para maio, observou-se estabilidade dos fluxos em 12 meses de IDP. O IDP no mês passado ficou em US$ 2,978 bilhões. "Se o IDP de junho se confirmar, vamos observar uma elevação nos fluxos em junho", disse Rocha.
O chefe do Departamento de Estatísticas avaliou ainda que, o fluxo de recursos para investimento em portfólio (ações e renda fixa) segue apresentando volatilidade. "Há alternância entre ingressos e saídas mês a mês", afirmou.
Em maio, o investimento em ações foi negativo em US$ 1,578 bilhão e, no caso de títulos de renda fixa, negativo em US$ 1,040 bilhões.
Houve ainda saída líquida de US$ 2,825 bilhões por fundos de investimentos. "Este tipo de investimento é mais volátil de fato. São investidores que buscam ganho de curso prazo.", pontuou.
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central informou que a taxa de rolagem preliminar dos empréstimos no exterior está em 83% no mês de junho, conforme dados até o dia 21. O indicador mostra que a renovação alcançou 142% dos vencimentos nos empréstimos diretos, mas ficou em apenas 35% nos títulos de longo prazo.
Antes de informar o dado preliminar abaixo de 100%, o chefe do departamento classificou como "completamente satisfatória" a oferta de crédito para empresas brasileiras no exterior nas últimas semanas. Ao comentar que empresas conseguiram em novos créditos o equivalente a 115% do total de dívidas que venceram em maio, o técnico comentou que os números "continuam mostrando acesso das empresas ao mercado internacional de forma completamente satisfatória para rolar o endividamento externo".
Para o chefe do departamento do BC, os números recentes mostram estabilidade da taxa de rolagem nos atuais patamares nos últimos meses. "Há ingresso mais constante nas taxas de rolagem mostrando uma posição sólida", disse.
Apesar do dado destacado, o indicador do BC mostra que a taxa de rolagem entre janeiro e maio está em 90% - ou seja, o crédito disponível foi inferior ao total de vencimentos. Esse fenômeno de menos crédito que as dívidas que vencem ocorre especialmente nos empréstimos diretos, cuja taxa de renovação ficou em 71% entre janeiro e maio. Nas operações com emissão de títulos de longo prazo, o número é melhor e ficou em 174% no acumulado dos cinco meses.
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central informou também que, em junho, até o dia 21, os investimentos em ações de companhias brasileiras está negativo em US$ 1,418 bilhão. Em maio, este investimento foi negativo em US$ 1,578 bilhão.
No caso de títulos de renda fixa negociados no mercado doméstico, os investimentos em junho, até o dia 21, estão negativos em US$ 336 milhões. Em maio, o investimento nestes títulos foi negativo em US$ 1,982 bilhão. Se considerado todo o investimento em renda fixa (mercado doméstico e mercado externo), houve saída de US$ 1,040 bilhão em maio.
Se o viés negativo se confirmar, junho será o segundo mês consecutivo de saídas líquidas de recursos nas rubricas de ações e renda fixa. De acordo com Rocha, isso não tem uma única explicação. "O que vemos é que, ao longo do ano, têm se alternado entradas e saídas", pontuou.
Para estes movimentos, têm contribuído, conforme Rocha, o diferencial de taxas de juros entre o Brasil e o exterior, as perspectivas em relação à taxa de câmbio e as incertezas em relação ao Brasil. "Não dá para cravar que houve apenas um fato único e exclusivo (para as saídas em maio e junho até o dia 21)."
Rocha destacou que houve uma redução do passivo externo líquido brasileiro de março para maio. Este passivo é expresso pela posição líquida de investimento internacional, que passou de saldo negativo de US$ 748,969 bilhões em março para saldo negativo de US$ 572,831 bilhões em maio (queda de 23,52%).
"Essa redução é importante", disse Rocha. "A posição internacional de investimentos é como se fosse a dívida líquida do setor público. Você tem ativos deum lado e passivos do outro", explicou. "Como os passivos predominam, a posição de investimentos é negativa."
Segundo ele, ocorreu de março para maio uma redução dos passivos líquidos. "Há uma questão que é relevante para a próxima sustentabilidade das contas externas do País. Da mesma forma que na dívida líquida do setor público quando o dólar sobe a dívida cai, aqui também temos uma situação de solidez, em que a alta do dólar reduz o passivo externo."
Conforme Rocha, isso ocorreu porque os três principais investimentos estrangeiros no País são denominados em real. "O estrangeiro saiu da moeda forte e investiu no Brasil em moeda nacional", resumiu.
Assim, de março para maio, houve redução de Investimento Direto no País (IDP) em participação no capital (de US$ 574,455 bilhões para US$ 497,149 bilhões), de investimentos em ações (de US$ 370,977 bilhões para 297,127 bilhões) e de aportes em títulos de dívida (US$ 222,933 bilhões para US$ 210,149 bilhões).
"No caso de ações, há dois efeitos em relação ao estoque: desvalorização do câmbio e redução do preço da ação", explicou Rocha. "Vimos recentemente que o Ibovespa, acima de 80.000 pontos, está próximo de 70.000 pontos agora. Foram quase 20% entre março e maio."
Como estes três montantes têm denominação em moeda nacional, eles "reduzem seu valor expresso em dólar", disse Rocha.
Em função disso, o passivo passou de US$ 1,627 trilhão em março para US$ 1,460 trilhão em maio. No caso do ativo, a variação foi pequena, de US$ 877,599 bilhões para US$ 886,683 milhões.