Economia

Expectativa com soja nos EUA e câmbio impulsionam IGP-10

O indicador mostrou alta de 1,05%, ante elevação de 0,15% em agosto


	Câmbio: os efeitos do câmbio também já atuam nos preços medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que forma 60% do IGP-10
 (REUTERS/Bruno Domingos)

Câmbio: os efeitos do câmbio também já atuam nos preços medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que forma 60% do IGP-10 (REUTERS/Bruno Domingos)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2013 às 14h43.

Rio - As expectativas sobre o volume da colheita da safra de soja nos Estados Unidos, que podem impulsionar os preços no mercado internacional, e os efeitos da valorização do dólar ante o real foram os principais fatores que contribuíram para a aceleração do IGP-10 em setembro, afirmou o superintendente adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. O indicador mostrou alta de 1,05%, ante elevação de 0,15% em agosto.

Nos EUA, a especulação sobre a safra de soja, em função das incertezas climáticas, tem gerado elevações no preço do grão e de seus derivados em escala global, de acordo com Quadros. No Brasil, esse efeito foi percebido principalmente a partir da segunda quinzena de agosto. "Esse talvez seja o maior impacto provocado no resultado do índice", avaliou o economista. O insumo saiu de uma queda de 2,30% no mês passado para alta de 6,84% em setembro.

A alta nos preços da laranja, que também impressionam devido à aceleração para 22,92% este mês (ante 2,47% em agosto), se deve ao período de entressafra. Mas, segundo Quadros, esse é um impacto de menor escala e que pode não se verificar em outros produtos.

Câmbio

Os efeitos do câmbio também já atuam nos preços medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que forma 60% do IGP-10, principalmente nas matérias-primas brutas (com alta de 2,74%, ante -0,62% em agosto) e nos bens intermediários (1,87%, ante 0,94%). O economista destacou a alta do minério de ferro, como reflexo das melhoras nas condições macroeconômicas chinesas.

"No início do ano, houve grandes dúvidas sobre a capacidade da China em manter o crescimento dentro do programado. Mas hoje esse tipo de questão preocupa menos o mercado. Vários indicadores mostram que a China opera dentro do padrão dos últimos anos. Isso fez com que o mercado valorizasse o minério de ferro", explicou. Em setembro, o insumo registrou alta de 1,96%, ante queda de 3,59% em agosto.


Nos bens intermediários, a inflação é sentida principalmente na indústria, em setores como siderurgia, químicos, madeira, borrachas e plásticos. Mas, segundo Quadros, o repasse da desvalorização cambial ainda não tem ocorrido para os bens finais de modo geral - nem na indústria, nem ao consumidor.

"O câmbio está afetando a estrutura de preços da economia, embora ainda não tenha chegado a setores como o varejo", analisou. A leitura é de que o impacto da alta do dólar não tem avançado com a intensidade esperada e, por enquanto, não ultrapassou a faixa de bens intermediários. "É possível, porém, que alguma pressão aconteça nos próximos meses", considerou Quadros.

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que contribui com 30% do IGP-10 e subiu 0,22% em setembro (ante -0,07% em agosto), a alimentação foi um dos principais pesos para a aceleração, com alta de 0,21% ante deflação de 0,30% em agosto. Os produtos in natura foram o principal impulso, destacou Quadros, com alta de 1,72%, em comparação à queda de 4,59% registrada em agosto.

No Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), a alta de 0,34% em setembro, praticamente estável em relação a agosto (0,35%), reflete a desvalorização do real. Com o preço da mão de obra estável na comparação com o mês anterior, Quadros afirmou que o preço dos materiais já transmitem a alta do dólar. "No custo da construção, isso bate mais rápido", disse. O INCC tem participação de 10% no IGP-10.

12 meses

A taxa do IGP-10 em 12 meses se manteve em patamares baixos, registrando 4,13% em setembro. Desde o início do ano, o indicador mostrou trajetória de desaceleração, depois de rondar a casa dos 8%, mas essa fase pode ter chegado ao fim, de acordo com Quadros. "Daqui para frente, isso talvez não se repita. Não sei se, depois de subir em torno de 1%, a taxa caia tão rápido assim", destacou. Para ele, este deve ser o ponto mínimo, e há alguns fatores de pressão (incluindo o câmbio) que devem impedir novas baixas na taxa.

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