Economia

Executivo do Goldman recomenda mais ambição ao Brasil

O chairman Paulo Leme acredita que o país precisa de reformas ambiciosas para elevar seu potencial de crescimento de longo prazo

Bandeira: nos últimos meses, o governo e o Banco Central brasileiros têm adotado uma série de medidas para tentar estimular o crescimento, mas sem muito sucesso até agora (Wikimedia Commons)

Bandeira: nos últimos meses, o governo e o Banco Central brasileiros têm adotado uma série de medidas para tentar estimular o crescimento, mas sem muito sucesso até agora (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2012 às 14h24.

São Paulo - O chairman das operações do Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme, afirmou nesta sexta-feira que o país precisa de reformas ambiciosas para elevar seu potencial de crescimento de longo prazo, dadas as turbulências na economia global. Para ele, medidas que têm apenas um impacto temporário na economia não são suficientes.

"O que nós estamos observando na economia mundial não é cíclico. É uma coisa de longo prazo. Assim, é preciso pensar em medidas de longo prazo", disse Leme. Segundo o executivo, o Brasil não pode depender da economia global, que provavelmente precisará de muito tempo para se recuperar da crise atual. Assim, o país precisa olhar para seu mercado interno, e isso vai exigir um esforço considerável.

Nos últimos meses, o governo e o Banco Central brasileiros têm adotado uma série de medidas para tentar estimular o crescimento, mas sem muito sucesso até agora. Nesta quinta-feira, a autoridade monetária disse que espera um crescimento de 2,5% do PIB este ano, enquanto alguns economistas chegam a prever uma expansão de apenas 2%.

"Eu acredito que buscar um crescimento maior é louvável. Mas, em relação às medidas adotadas pelo governo, eu acredito que elas têm efeitos temporários. Os resultados vão depender de forças vindas de outras direções", comentou Leme.

Segundo o chairman do Goldman, o governo deveria adotar ações para obter maior produtividade, investir em educação, reduzir impostos e tornar os gastos públicos mais eficientes. Mas tudo isso é extremamente difícil, tanto politicamente quanto em termos práticos. "Eu acredito que eles (o governo) estão cientes da extensão do problema e, talvez, também conheçam os desafios políticos que uma postura mais ambiciosa pode trazer".

Para Leme, a desaceleração no crescimento brasileiro este ano não chega a ser uma surpresa, dados os enormes problemas na economia global e a confusão que essas turbulências criaram. "Quando existem problemas estruturais, os modelos não respondem adequadamente. Nós não estamos em um estado de equilíbrio, nós estamos em uma situação muito dinâmica de crise financeira global, que gera expectativas e incertezas enormes".


Em dezembro de 2011, Leme previa que o Brasil cresceria 3,5% este ano. Agora, as projeções do executivo - que não são necessariamente as mesmas dos economistas do Goldman - são de uma expansão de 1,5% a 2,0%.

O executivo não fez nenhuma previsão para a taxa de câmbio brasileira, mas afirmou que o câmbio está longe de ser o único fator que torna as companhias brasileiras mais competitivas no cenário internacional.

Segundo Leme, apesar das dúvidas geradas pelas contínuas intervenções do governo, o Brasil ainda é considerado um país atrativo para os investidores internacionais, especialmente aqueles que buscam investimentos de longo prazo. "O país tem muito espaço para crescer, mas precisa resolver suas próprias ineficiências". As informações são da Dow Jones.

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