Economia

Excedente comercial da China com EUA continua crescendo

O déficit comercial dos Estados Unidos com a China seguiu aumentando e em maio chegou a 11,7%, totalizando 24,58 bilhões de dólares

OS EUA exigem que a China reduza em 200 bilhões de dólares o déficit comercial de seu país, ameaçando aplicar tarifas aos produtos chineses importados (Damir Sagolj/Reuters)

OS EUA exigem que a China reduza em 200 bilhões de dólares o déficit comercial de seu país, ameaçando aplicar tarifas aos produtos chineses importados (Damir Sagolj/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de junho de 2018 às 10h03.

O excedente comercial da China com os Estados Unidos, objeto de atrito entre ambas as potências econômicas em um contexto de guerra aduaneira, continuou crescendo em maio, apesar da aceleração inesperada das importações do gigante asiático.

O déficit comercial dos Estados Unidos com a China seguiu aumentando em maio, a 11,7%, até os 24,58 bilhões de dólares, anunciou a administração chinesa de aduanas nesta sexta-feira (8).

Em 2017, alcançou um nível recorde de 375 bilhões de dólares, segundo números de Washington.

O dado de maio complica um pouco mais as negociações em curso entre ambos os países, sobretudo, porque Donald Trump não para de criticar as práticas comerciais "desleais" do regime comunista.

A Casa Branca exige do governo de Pequim que reduza em 200 bilhões de dólares o déficit comercial dos Estados Unidos, ameaçando aplicar tarifas aos produtos chineses importados, da ordem de 50 bilhões de dólares.

A China rejeita a meta, ainda que se proponha a comprar cerca de 70 bilhões de dólares adicionais em bens americanos, desde que a administração Trump abandone sua ameaça de aplicar sanções, confirmou o governo americano nesta quarta-feira (8).

Paradoxalmente, embora o excedente comercial chinês com os Estados Unidos tenha continuado aumentando, reduziu-se em relação ao restante do mundo.

Em maio, o excedente total chinês se reduziu até 24,9 bilhões de dólares, contra os 28 bilhões de dólares de abril e muito longe dos 33 bilhões de dólares previstos pelos analistas.

Esse número se explica pela inesperada aceleração das importações chinesas, que subiram 26% interanual em maio, muito mais do que em abril (+21,5%) e do que as previsões da agência Bloomberg (+18%).

Produção manufatureira em alta

O aumento das importações também se explica "pela incerteza relacionada com as negociações comerciais", afirma Iris Pang, economista da ING.

"Os riscos que pesam sobre os intercâmbios comerciais se intensificam e levam os exportadores chineses a acelerarem suas importações dos componentes" de que precisam para fabricarem seus produtos, explicou Pang, citado pela Bloomberg.

É o caso das importações chinesas de circuitos eletrônicos integrados, que aumentaram 36% em maio, segundo a analista Betty Wang, do banco ANZ.

Também aumentaram as dos produtos de alta tecnologia (+23%), que representam 7,3% do crescimento das importações totais, acrescentou Wang.

Em geral, o conjunto do setor manufatureiro se mantém e eleva as compras chinesas de mineral de ferro e carvão.

Segundo Julian Evans-Pritchard, um analista da Capital Economics, "é um sinal de que o impulso recente da atividade industrial, relacionado com o fim das restrições contra a poluição de inverno, prorrogou-se até maio".

As importações chinesas também se apoiam em uma demanda interna sólida, seguindo a diretriz do governo de Pequim de estimular o consumo das famílias e reequilibrar seu modelo econômico.

Já a demanda externa continua sendo importante, graças à boa saúde econômica da União Europeia e dos Estados Unidos, os principais sócios comerciais da China.

Assim, as exportações chinesas subiram, no conjunto, 12,6% em maio, um pouco menos do que em abril, e 11,6% no caso dos Estados Unidos.

As exportações chinesas de artigos de alta tecnologia também aumentaram 17,7%, sinal de que os produtos chineses para exportação sobem de categoria.

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