O uso do fundo soberano está na mesa de estudos porque, em tese, ele pode "correr mais riscos" do que as reservas
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2011 às 20h18.
São Paulo - Um eventual ajuda do Brasil à Europa, numa ação coordenada com os Brics, pode acontecer por meio do Fundo Soberano do Brasil, e não usando os recursos das reservas internacionais do país, informou nesta terça-feira à Reuters uma fonte da equipe econômica.
Isso porque, pelo menos por enquanto, não existe disposição dentro do governo de mudar a forma como as reservas internacionais --que atualmente estão em quase US$ 355 bilhões-- são geridas.
"Reservas não se prestam a esse tipo de investimento... Não foram feitas para esse tipo de ação, de apoiar países em dificuldade", resumiu a fonte, acrescentando que os principais objetivos desse colchão é trazer segurança e liquidez à economia e, somente depois, rentabilidade.
O euro tem perdido importância relativa nas reservas desde meados de 2000, quando o Banco Central (BC) passou a adotar uma política de maior diversificação. De 2009 para 2010, o peso do euro no colchão caiu de 7 por cento para 4,5 por cento.
Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que os países do Brics --formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-- estão conversando para tentar formular ações conjuntas com o intuito de amenizar a crise da dívida na zona do euro.
O uso do fundo soberano está na mesa de estudos porque, em tese, ele pode "correr mais riscos" do que as reservas.
Em agosto, segundo dados publicados no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o fundo tinha patrimônio líquido de 15,374 bilhões de reais. Desse total, no entanto, quase 85 por cento estão aplicados em ações da Petrobras e do Banco do Brasil, posições que o governo não tem interesse de se desfazer.
Assim, explicou a fonte, para uma eventual ajuda aos países da zona do euro, o fundo soberano poderia ser capitalizado pelo Tesouro, por exemplo.
Apesar da disposição, a própria fonte da Reuters considera difícil conseguir uma ação coordenada do Brics para ajudar os países em dificuldade na Europa.
"Como é que vai se coordenar uma ação do Brics se lá na União Europeia não tem?", questionou a fonte.