O bloco europeu é severamente afetado por sua "proximidade geográfica" do conflito armado na Ucrânia e sua "forte dependência das importações de gás da Rússia" (Silas Stein/picture alliance/Getty Images)
AFP
Publicado em 11 de novembro de 2022 às 10h42.
A zona do euro deve encerrar o ano de 2022 em recessão e registrará uma inflação ainda elevada no próximo ano, em um cenário marcado por um "nível excepcional" de incerteza, afirmou nesta sexta-feira (11) a Comissão Europeia em suas previsões econômicas de outono (hemisfério norte, primavera no Brasil.
De acordo com a Comissão, devido a um "ambiente externo mais frágil e condições financeiras mais rígidas", a União Europeia (UE), a zona do euro e a maioria dos Estados-membros entrarão em recessão no último trimestre do ano.
A Comissão - o Executivo da UE - destacou que após um desempenho sólido no primeiro semestre deste ano, a economia do bloco "entrou em uma fase muito mais desafiadora".
O bloco europeu é severamente afetado por sua "proximidade geográfica" do conflito armado na Ucrânia e sua "forte dependência das importações de gás da Rússia".
O relatório prevê que a contração da atividade econômica "deve continuar no primeiro trimestre de 2023". Mas provavelmente o crescimento retornará à Europa na primavera.
O relatório, no entanto, destaca os "fortes ventos contrários" que desaceleram a demanda e farão com que a retomada da atividade econômica seja muito moderada.
Para 2023, a Comissão projeta um crescimento econômico de apenas 0,3%. No relatório anterior, publicado em julho, a previsão era de avanço de 1,5%.
Em outubro, o Banco Central Europeu advertiu que uma recessão no bloco era iminente.
O panorama é agravado pela persistência da inflação elevada.
A Comissão também afirma que a zona do euro registrará uma melhora relativa, mas que a inflação permanecerá consideravelmente elevada no próximo ano.
A inflação alcançará 6,1%, segundo Bruxelas, uma revisão que eleva em mais de dois pontos percentuais as projeções de julho (4%).
A Comissão Europeia destaca que a perspectiva econômica permanece "cercada por um nível excepcional de incerteza" devido à ofensiva da Rússia contra a Ucrânia.
"A maior ameaça procede da evolução adversa do mercado de gás e do risco de escassez, em particular no inverno de 2023-24", afirma o relatório.
Para o comissário de Economia do bloco, Paolo Gentiloni, "a economia da UE está em um ponto de inflexão".
"Teremos alguns meses difíceis pela frente", declarou.
O italiano lembrou que no primeiro trimestre de 2022 a economia da UE cresceu 0,7%, desempenho que foi repetido no segundo trimestre, antes da desaceleração a 0,2% no terceiro.
Ele acrescentou, no entanto, que a força que estimulou a recuperação econômica pós-pandemia "desapareceu em grande medida", enquanto os efeitos da guerra na Ucrânia e "uma ampla desaceleração da demanda externa" se tornaram fatores determinantes.
Entre as principais economias da UE, a Comissão projeta para a Alemanha um crescimento de apenas 1,6% em 2022, de 2,6% para a França e de 3,8% para a Itália. A Espanha deve avançar 4,5%.
A inflação deve encerrar 2022 com índice de 8,8% na Alemanha, 8,5% na Espanha, 5,8% na França e 8,7% na Itália.
O relatório da Comissão destaca que o cenário de recessão iminente e inflação elevada coincide com ótimos indicadores dos níveis de emprego.
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