Economia

Eurozona aprova ajuda histórica à Grécia

As medidas de ajuste incluem reduçao de salários e aposentadoria para o funcionalismo grego

Giorgos Papakonstantinou (C), ministro das Finanças grego, entre Jean-Claude Juncker (D) e Jean-Claude Triche (.)

Giorgos Papakonstantinou (C), ministro das Finanças grego, entre Jean-Claude Juncker (D) e Jean-Claude Triche (.)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2010 às 23h14.

Bruxelas - Os países da Zona Euro aprovaram neste domingo um plano de socorro à Grécia sem precedentes, totalizando 110 bilhões de euros, com o apoio do FMI, após Atenas concordar com drásticas medidas de austeridade.

"Decidimos ativar o plano de apoio à Grécia", informou o chefe dos ministros das Finanças da Eurozona, Jean-Claude Juncker, após uma reunião em Bruxelas.

A ajuda somará 110 bilhões de euros, durante três anos, dos quais 80 bilhões sairão de empréstimos bilaterales de sócios da zona euro, e o restante do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para 2010, os europeus liberarão 30 bilhões de euros e o FMI, outros 15 bilhões, e o dinheiro começará a entrar antes de 19 de maio, quando a Grécia deverá honrar 9 bilhões de euros de sua dívida.

Os ministros de Finanças da zona do euro vão analisar de que maneira os bancos de seus respectivos países poderão realizar contribuições "voluntárias" para este esforço, disse Jean-Claude Juncker.

"Todos os ministros estão de acordo em examinar junto aos representantes do setor bancário de seus países que tipo de contribuições voluntárias" podem oferecer à Grécia.

A iniciativa é liderada por Berlim, que tenta atualmente convencer as entidades bancárias alemãs a investir na dívida grega, algo que poderia contribuir para estabilizar os mercados.

A decisão de ativar o plano de socorro acontece após seis meses de seis discussões entre os países da Zona Euro, e apenas algumas horas após Atenas apresentar um severo programa de austeridade, negociado com as instituições europeias e o FMI.

O objetivo é duplo: evitar a quebra da Grécia, asfixiada por uma dívida que supera os 300 bilhões de euros e incapaz de enfrentar as taxas de juros do mercado; e devolver a estabilidade à Eurozona.

Os ministros decidiram seguir adiante após a Grécia se comprometer a reduzir seu explosivo déficit público, hoje em torno de 14% do Produto Interno Bruto (PIB), para cerca de 3% até o final de 2014.

O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, confirmou que o conselho de governadores do Fundo aprovará um empréstimo de emergência de 30 bilhões de euros para a Grécia "durante a semana".

"Com o objetivo de apoiar os esforços da Grécia para colocar sua economia nos trilhos, os países membros da zona euro prometeram um total de 80 bilhões de euros em forma de empréstimos bilaterais".

"Uma missão do FMI, em coordenação com representantes da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, também chegou a um acordo com as autoridades gregas para apoiar este programa com um empréstimo stand-by em três anos, de 26 bilhões de DTS (direitos especiais de giro), o que representa cerca de 30 bilhões de euros ou 40 bilhões de dólares", disse Strauss-Khan.

Em Berlim, a chefe do governo alemão, Angela Merkel, qualificou de "muito ambicioso" o plano de austeridade, admitindo que a ajuda internacional é "a única forma de garantir a estabilidade do euro" e evitar o contágio da crise a outros países.

O governo alemão destacou que Atenas precisa aplicar o programa de austeridade "ao pé da letra" e jamais baixar a guarda.

As medidas de austeridade incluem a redução de salários e aposentadorias para funcionários públicos e um aumento do IVA.

"São sacrifícios duros, mas necessários para evitar que a Grécia quebre", disse o premier grego, George Papandreou.

As medidas de austeridade representarão uma economia "de 30 bilhões de euros em três anos", além dos 4,8 bilhões já anunciados para 2010, explicou o ministro grego das Finanças, George Papaconstantinou.

No outro lado, a grande central sindical do funcionalismo público grego já se mobiliza para bloquear o que considera novas medidas "antissociais".

"Continuaremos intensificando nossas mobilizações contra o pacote", diz em nota a central sindical Adedy, que possui 375.000 filiados e que convocou greve geral para quarta-feira, junto com a GSEE do setor privado, no que será a terceira paralisação em três meses.

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