Economia

Europa pode enfrentar escassez de mão de obra pior que a dos EUA

Como nos Estados Unidos, onde a criação de empregos em abril ficou muito abaixo das expectativas, a Europa terá dificuldade para preencher vagas

A região já sente parte do impacto do fechamento das fronteiras imposto durante a pandemia (Sean Gallup/Getty Images)

A região já sente parte do impacto do fechamento das fronteiras imposto durante a pandemia (Sean Gallup/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 20 de maio de 2021 às 17h14.

A escassez de mão de obra que afeta os Estados Unidos enquanto o país se recupera da pandemia agora chega à Europa, onde o problema pode ser ainda mais difícil de ser resolvido.

Como nos EUA, onde a criação de empregos em abril ficou muito abaixo das expectativas, a Europa terá dificuldade para preencher vagas. Isso apesar da taxa de desemprego acima de 7% na União Europeia - e mais que o dobro na Grécia e Espanha - e que, segundo previsões, não deve retornar aos níveis pré-crise antes de 2023.

Taxas de desemprego ainda estão mais altas do que antes da pandemia (Bloomberg/Bloomberg)

No curto prazo, com as restrições de viagens relacionadas ao coronavírus, trabalhadores não poderão cruzar as fronteiras com a facilidade de costume pelo bloco de 27 países. Isso é um problema, porque a UE está prestes a começar a distribuir seu fundo de recuperação de 800 bilhões de euros (US$ 977 bilhões), que se concentra em setores de meio ambiente e digitais que exigirão profissionais especializados.

Mas as redes e oleodutos que fornecem novos trabalhadores também foram afetados, o que terá um impacto duradouro. Feiras de empregos foram canceladas e programas de treinamento vocacional suspensos. Universidades registram queda do número de estudantes estrangeiros. Tudo isso deve agravar o desafio existente de dados demográficos desfavoráveis da região.

O Brexit impôs uma barreira extra à mobilidade de mão de obra, porque o acordo comercial entre Reino Unido e UE iniciado este ano inclui restrições à movimentação, com reconhecimento mútuo limitado de algumas qualificações.

“Na Europa, os problemas são mais estruturais”, disse Axel Pluennecke, economista do Instituto Econômico Alemão, em Colônia. “Principalmente em profissões técnicas, áreas como digitalização, descarbonização, haverá grande demanda por mão de obra qualificada. A pergunta realmente é se essa demanda será atendida.”

A região já sente parte do impacto do fechamento das fronteiras imposto durante a pandemia. A migração líquida para a Alemanha, a maior economia da Europa, caiu cerca de 30% em 2020. A Noruega enfrenta falta de profissionais especializados em hotelaria, como guias de rafting estrangeiros, e flexibilizou as restrições de entrada no mês passado para incluir trabalhadores “estritamente necessários para evitar tempo de inatividade em projetos ou negócios nos próximos quatro meses.”

Movimentação diminui. Migração para a Alemanha caiu durante a pandemia (German Federal Statistics Office/Bloomberg)

O podcast EXAME Política vai ao ar todas as terças-feiras com os principais temas da eleição americana. Clique aqui para ver o canal no Spotify, ou siga em sua plataforma de áudio preferida, e não deixe de acompanhar os próximos programas.

 

 

Assine a EXAME e acesse as notícias mais importantes em tempo real.
Acompanhe tudo sobre:EuropaMão de obraMercado de trabalho

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups