Economia

Europa desbloqueia ajuda à Grécia

O lote de resgate à Grécia, de um total de 49,1 bilhões de euros, bloqueado há meses, recebeu sinal verde e começará a ser desembolsado "a partir da próxima semana"

Juncker chega à sede da União Europeia, em Bruxelas: a partir do final de 2014, haverá a criação de um mecanismo para amortizar os choques econômicos (©afp.com / Thierry Charlier)

Juncker chega à sede da União Europeia, em Bruxelas: a partir do final de 2014, haverá a criação de um mecanismo para amortizar os choques econômicos (©afp.com / Thierry Charlier)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 16h39.

Bruxelas - Os europeus aprovaram nesta quinta-feira o desbloqueio da ajuda à Grécia e acertaram a criação de um supervisor para seus bancos, superando alguns de seus grandes obstáculos para sair da crise, em meio à preocupação despertada pela situação política na Itália.

O lote de resgate à Grécia, de um total de 49,1 bilhões de euros, bloqueado há meses, recebeu sinal verde e começará a ser desembolsado "a partir da próxima semana", disse o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, ao finalizar a reunião de ministros de Finanças da zona do euro.

"A possibilidade de uma saída da Grécia da zona do euro está morta. Os sacrifícios do povo grego não foram em vão", celebrou o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, em Bruxelas. "Grécia está encaminhada", completou.

Antes do final deste ano serão entregues 34,3 bilhões de euros e nos primeiros meses de 2013, os 14,8 bilhões restantes, disse um comunicado do Eurogrupo.

O desbloqueio, depois de várias reuniões e idas e vindas, é um incentivo a mais para os europeus, que buscam acelerar medidas para sair de quase três anos de crise da dívida, iniciada na Grécia.

Na madrugada desta quinta-feira, após 14 horas de negociações, os ministros da União Europeia alcançaram um "histórico" acordo para aprovar o Mecanismo para a Supervisão Bancária (MUS) da zona do euro, primeiro passo da união bancária do continente e que permitirá a recapitalização direta das entidades mais afetadas.


A ajuda para a Grécia, por sua vez, vital para evitar que o país, imerso em recessão e com um desemprego que supera 25% de sua população ativa, se declare em suspensão de pagamentos.

As autoridades gregas cumpriram uma a uma as exigências de seus principais credores, a UE, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE).

Em meio a seu plano de reestruturação da dívida, a Grécia recebeu ofertas de 31,900 bilhões de euros por parte de seus credores privados, uma soma que superou os objetivos iniciais.

O lote da dívida grega pretende, junto com outras medidas anunciadas pela zona do euro, reduzir consideravelmente o peso da dívida pública do país, "até alcançar o 124% de seu PIB em 2020", uma das exigências do FMI para desbloquear seu lote de empréstimo.

Poucos dias depois de receber o Nobel da Paz, os chefes de Estado e de governo da União Europeia se reúnem pela tarde desta quinta-feira em Bruxelas para reforçar a união monetária.

Contudo, uma ameaça inesperada volta a rondar o continente: o anúncio de renúncia do primeiro-ministro italiano, Mario Monti, assim que aprovados os orçamentos italianos, e o possível regresso ao poder de Sílvio Berlusconi.

O anúncio em si já bastou para reativar os temores sobre a fragilidade da economia espanhola. E voltou a colocar sobre a mesa a eventual necessidade de que Espanha peça um resgate.

Após superar os 600 pontos neste verão, a taxa de risco espanhola havia relaxado com o anúncio feito pelo BCE de um programa de compra de dívida dos países mais frágeis.


Contudo, para ativar esse programa, o BCE exige que os Estados solicitem formalmente a ajuda à Eurozona. E a Espanha não se decide.

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, divulgou uma rota de fuga para "garantir a irreversibilidade" do euro, que será debatida durante a reunião de líderes.

A primeira etapa, que começa ao final de 2012, consiste en assegurar que se "corte o vínculo entre" dívida bancária e dívida pública. Nesse sentido, o acordo para criar o MUS é crucial.

Contudo, o MUS "estaria operacional em março de 2014", o que traz problemas até essa data para a recapitalização direta dos bancos sem que isso engrosse a dívida pública.

Respondendo às exigências da Alemanha, considerada a locomotiva da zona do euro, a proposta de Van Rompuy também pode dar mais poderes à Comissão para intervir nos orçamentos nacionais.

A segunda etapa, entre 2013 e 2014, estará consagrada à reestruturação e liquidação dos bancos em dificuldades.

Contudo, nesta fase, os países da zona do euro estarão obrigados a firmar contratos bilaterais com Bruxelas sobre as reformas que se comprometem a empreender para corrigir seus desequilíbrios.

Na terceira, a partir do final de 2014, haverá a criação de um mecanismo para amortizar os choques econômicos.

Os debates são complicados. A ideia é fechar o ano com várias batalhas ganhas, já que não se pode dizer que a crise da dívida está terminada.

"De qualquer maneira, a situação é muito melhor que seis meses atrás", disse Janis A. Emmanouilidis, do Centro de Política Europeia (EPC).

"Contudo, há várias incertezas", disse. A maioria são políticas: o resultado das próximas eleições legislativas na Itália e as da Alemanha, previstas para setembro.

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