Economia

EUA serão vistos como "primeiros entre iguais" em 2030

A China vai superar os Estados Unidos como a maior economia na década de 2020, em linha com as projeções independentes

Feira de negócios na cidade chinesa de Xangai: o poder global da China deve continuar aumentando em um ritmo menor (©afp.com / Peter Parks)

Feira de negócios na cidade chinesa de Xangai: o poder global da China deve continuar aumentando em um ritmo menor (©afp.com / Peter Parks)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 17h00.

Washington - Os Estados Unidos provavelmente serão os "primeiros entre iguais" em 2030, num mundo cada vez mais caótico, no qual a China será a principal economia e a demanda de recursos terá crescido, sugere um relatório da inteligência americana divulgado nesta segunda-feira.

O Conselho de Inteligência Nacional, em sua primeira avaliação em quatro anos destinada a moldar o pensamento estratégico americano, afirmou que a China vai superar os Estados Unidos como a maior economia na década de 2020, em linha com as projeções independentes.

Mas o estudo indicou que os Estados Unidos, embora mais fracos, provavelmente permanecerão como o principal ator mundial em duas décadas graças ao seu papel na resolução de crises globais, ao seu processo tecnológico e ao seu "soft power" que atrai outros países para a sua esfera de influência.

"Os Estados Unidos provavelmente permanecerão 'os primeiros entre iguais' em meio às outras grandes potências em 2030 devido à sua proeminência em uma gama de dimensões de poder e ao legado de seu papel de liderança", considerou o Conselho de Inteligência no relatório de 137 páginas.

"No entanto, com a rápida ascensão de outros países, o 'momento unipolar' acabou e a Pax Americana - a era da ascendência americana na política internacional que começou em 1945 - está declinando rapidamente", indicou.

O estudo previu que a economia, os gastos militares e os investimentos tecnológicos da Ásia irão superar os dos Estados Unidos e da Europa juntos em 2030, mas alertou para uma incerteza maior em relação à emergente China.


"Se Pequim falhar na transição para um modelo econômico mais sustentável e baseado em inovações, continuará sendo um jogador de alto nível na Ásia, mas a influência em torno do que tem sido uma ascensão notável vai se dissipar", disse.

O poder global da China deve continuar aumentando em um ritmo menor - um fenômeno que, de acordo com precedentes históricos, normalmente faz os países "se tornarem temerosos e mais assertivos", segundo o estudo.

Europa, Japão e Rússia devem se manter em declínio econômico lento até 2030, enquanto alguns países de médio escalão podem crescer, como Colômbia, Egito, Indonésia, Irã, México, África do Sul e Turquia, afirma.

O estudo prevê grandes benefícios provenientes da tecnologia em 2030, mas alertou que a mudança climática ameaça impor sérios obstáculos.

Com uma população crescente e com o aumento da renda, a demanda do planeta por água, comida e energia subirá 35%, 40% e 50% respectivamente em 2030, ressalta.

Com isso, países como China e Índia mais ricos provavelmente precisarão precisar mais das importações de comida, aumentando os preços internacionais. Famílias de nações de baixa renda sentirão o encarecimento da comida, aumentando provavelmente o descontentamento social.

O Conselho de Segurança Nacional estimou que o mundo deverá ter quase 8,3 bilhões de pessoas em 2030, em comparação com os 7,1 bilhões de agora, mas que a média de idade vai aumentar - com consequências enormes.


O estudo afirma que 80% dos conflitos armados e étnicos ocorreram em nações com populações jovens. O número de Estados jovens diminuirá significativamente em 2030, com os próximos surgindo aglomerados na África Central.

Outras áreas que ainda terão populações jovens - e combustível para potenciais conflitos - incluem Afeganistão, áreas tribais e do oeste do Paquistão e os estados pobres do norte da Índia de Bihar e Uttar Pradesh.

Por outro lado, o estudo ressalta que o Oriente Médio "será um lugar muito diferente" em 2030 com o gradual envelhecimento da juventude que tomou as ruas durante os protestos da Primavera Árabe, que levaram à queda de vários líderes autocráticos.

Mas o relatório prevê instabilidade em nações com problemas sectários ou outras tensões, como Bahrein, Iraque, Líbia e Síria, além de Iêmen, que, segundo previsões do relatório, pode se partir pela segunda vez.

O Irã é um ponto de interrogação. O estudo projeta uma "instabilidade de longo alcance" se o Irã desenvolver uma arma nuclear, mas também afirma que um Irã mais pró-Ocidente pode emergir devido às pressões públicas e às disputas internas no regime clerical.

O estudo também explica que uma potencial resolução ao conflito entre israelenses e palestinos teria "consequências dramáticas", mas sugeriu que um cenário mais provável consistiria em ações não oficiais que levariam a um Estado palestino com questões-chave, como um status não resolvido de Jerusalém em 2030.

Embora o estudo tenha analisado as tendências, alertou para a possibilidade de eventos que poderiam mudar o jogo em 2030, como uma crise econômica global.

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