Economia

EUA se encaminham para liderar mercado mundial de gás

Com as políticas adotadas durante o governo Trump, os EUA caminham para se tornar o terceiro maior exportador mundial em 2020

Até 202, a produção de gás americana só ficará atrás da produção da Austrália e do Catar (Leah Millis/Reuters)

Até 202, a produção de gás americana só ficará atrás da produção da Austrália e do Catar (Leah Millis/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de junho de 2018 às 09h43.

Os Estados Unidos estão produzindo gás natural em abundância e caminham para para se tornar o terceiro maior exportador mundial em 2020, impulsionado politicamente pelo presidente Donald Trump.

Graças aos avanços na produção de gás de xisto, especialmente no nordeste, os Estados Unidos são o maior produtor mundial de gás natural desde 2009. Suas extrações em 2017 foram de 2 bilhões de metros cúbicos por dia.

Agora, a maior economia do mundo busca novos mercados para o produto no exterior.

"Este período 2018-2019 sempre foi considerado crucial para o tema do gás natural mundial", disse Breanne Dougherty, analista do banco Societe Generale.

Os Estados Unidos já exportam para seus vizinhos México e Canadá através de gasodutos. Mas, para alcançar mercados mais distantes, precisa apostar no gás natural liquefeito (GNL) que pode ser enviado pelo mar.

As exportações da GNL começaram a crescer em 2016, quando a Cheniere Energy despachou, pela primeira vez, um navio tanque de seu terminal de gás em Sabine Pass, na Louisiana. Antes disso, as exportações saíam apenas de um terminal no Alasca, fechado em 2015.

Os envios de GNL quadruplicaram em um ano e, pela primeira vez em 60 anos, os Estados Unidos tornaram-se exportadores líquidos em 2017.

Mais da metade da produção é destinada a México, Coreia do Sul e China. Quase um terço vai para a Europa.

E as exportações devem crescer. A empresa Dominion Energy está desenvolvendo, desde março, um terminal no estado de Maryland e tem outros quatro projetos que devem ser concluídos neste ano.

Trump e o domínio dos EUA

Com essa estrutura, as exportações americanas devem crescer a 272 milhões de metros cúbicos por dia.

Consequentemente, os Estados Unidos devem se tornar, até 2020, o terceiro maior exportador mundial de GNL, atrás de Austrália e Catar, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA) americana.

Os exportadores dos Estados Unidos esperam encontrar clientes vorazes. A IEA estima que a demanda cresça 1,6% ao ano até 2040 - contra um crescimento de 0,5% anual estimado para o petróleo e de 0,2% para o carvão.

Trump está incentivando a iniciativa exportadora.

Além de defender o predomínio desta energia nos Estados Unidos, Trump exaltou muitas vezes as virtudes do gás natural de seu país. Quando visitou a Polônia noa no passado, por exemplo, disse que os países europeus têm interesse em diversificar suas fontes de abastecimento.

A Ásia também é uma meta especial. A IEA disse que 80% do crescimento da demanda esperado até 2040 corresponderá a mercados emergentes, sobretudo China e Índia.

Autoridades europeias suspeitam que a decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã - que poderia deter a produção gasífera deste país - e suas recentes críticas ao projeto do oleoduto Nord Strem 2, que uniria Rússia e Alemanha, também poderiam servir para expandir suas exportações.

Dougherty acha exagerado acreditar que essas sejam as principais motivações de Trump, mas afirmou que "sem dúvidas, há implicações relativas à energia associadas a essas decisões geopolíticas".

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