EUA: o crescimento do PIB no terceiro trimestre foi revisto para 3,3% (Carlo Allegri/Reuters)
AFP
Publicado em 29 de novembro de 2017 às 17h46.
A economia americana alcançou o seu maior crescimento em três anos no terceiro trimestre, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira (29), que mostram uma ampla expansão que vai ganhando ritmo.
As cifras revisadas superam a meta estabelecida pelo presidente Donald Trump, de 3% pela segunda vez consecutiva, mostrando que os dois furacões que atingiram o país no último verão apenas afetaram a maior economia mundial.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre foi revisto para 3,3%, três décimos de ponto percentual acima da estimativa inicial e o melhor desempenho no terceiro trimestre desde 2004, segundo o Departamento de Comércio.
Os dados surgem em um momento em que, em Washington, os congressistas republicanos entram em uma fase crucial para conseguir a aprovação de uma vasta reforma fiscal.
A Casa Branca e os líderes republicanos do Congresso argumentam que o pacote de redução de impostos para 1,5 bilhão de dólares será pago por si só com a expansão econômica que produzirá, ainda que os economistas afirmem que existem poucas evidências para fundamentar esta afirmação, principalmente em uma economia que já está crescendo.
Com um crescimento de 3,1% no período abril-junho, os seis meses que vão de abril a outubro registraram a maior expansão em relação ao mesmo período de 2014. Mas a porcentagem de crescimento de todo o ano provavelmente estará próxima aos 2,5%, em linha com o aumento dos últimos anos.
O crescimento no terceiro trimestre reflete revisões para cima de gastos de empresas em programas de computação e transporte de equipamentos, com investimentos nestes produtos que registraram seu maior aumento em três anos, a 10,4%.
As administrações estatais e locais também parecem ter gasto mais em imóveis, enquanto os inventários industriais aumentaram mais que o esperado. Isso ajudou a equilibrar as revisões para baixo na ordem de bens duráveis e serviços de exportação.
Em declarações no Congresso nesta quarta-feira, a presidente em fim de mandato do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, disse que a expansão "é constatada de forma crescente em uma ampla gama de setores" no país, assim como em grande parte do resto do mundo.
Ela acrescentou que espera que o crescimento se mantenha e que o mercado de trabalho se fortaleça "bem mais", fazendo com que eventualmente os salários subam depois de um período de fraco aumento.
Sinal de sua persistente debilidade, no entanto, as cifras publicadas nesta quarta mostram uma revisão para baixo dos salários no segundo trimestre do ano.
O crescimento trimestral dos gastos de consumo em serviços, um setor-chave da economia americana, se manteve em 1,5%, seu menor nível em quatro anos.
O maior crescimento provavelmente será um fator a mais para ser levado em consideração pelo Fed para decidir outro aumento das taxas de juros no próximo mês - o terceiro do ano -, embora a maioria dos membros do banco central já pareçam inclinados nessa direção.
O governador do Fed, Jerome Powell, nomeado por Trump para substituir Yellen como presidente do organismo, disse em uma audiência no Congresso na terça-feira que as opiniões sobre outro aumento das taxas em dezembro estão "convergindo".
Os prognósticos sobre o crescimento no quarto trimestre são mistos. A representação do Fed em Atlanta prevê atualmente um crescimento ainda maior nos últimos três meses do ano, de 3,4%, embora não tenha sido atualizado para incluir os dados publicados nesta quarta-feira.
No entanto, Ben Herzon, chefe de economistas do IHS Markit, adiantou que a última estimativa marca uma desaceleração para o período outubro-dezembro.
"Um fortalecimento inesperado em vendas finais e um crescimento menor que o esperado dos inventários implica uma redução menor no investimento em inventários no quarto trimestre", assinalou Herzon em nota a seus clientes.
"Com base neste relatório, mantivemos nossa previsão de crescimento do PIB para o quarto trimestre em 2,5%".