Economia

EUA podem ter batalhas mais duras após "abismo fiscal"

Acordo do presidente Obama com republicanos estabeleceu potenciais confrontos sobre cortes de gastos e um aumento no limite de empréstimo


	Presidente Barack Obama faz declaração ao lado do vice-presidente após decisão da Câmara dos Deputados para agir sobre o abismo fiscal
 (REUTERS)

Presidente Barack Obama faz declaração ao lado do vice-presidente após decisão da Câmara dos Deputados para agir sobre o abismo fiscal (REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2013 às 08h51.

Washington - O presidente norte-americano, Barack Obama, e os congressistas republicanos podem ter que enfrentar batalhas orçamentárias ainda maiores nos próximos dois meses, depois que um duro acordo evitou por pouco o chamado "abismo fiscal", uma combinação devastadora de aumentos de impostos e cortes de gastos.

O acordo, aprovado na noite de terça-feira pela Câmara dos Deputados, liderada pelos republicanos e sancionado por Obama na quarta-feira, foi uma vitória para o presidente, que ganhou a reeleição em novembro com a promessa de tratar dos problemas orçamentários, em parte, elevando os impostos sobre os norte-americanos mais ricos.

Mas o acordo estabeleceu potenciais confrontos nos próximos dois meses sobre cortes de gastos e um aumento no limite de empréstimo da nação.

Os republicanos, zangados porque o acordo de "abismo fiscal" pouco fez para conter o déficit federal, prometeram usar o debate do teto da dívida para obter cortes de gastos mais profundos da próxima vez.

Os republicanos acreditam que terão uma influência maior sobre o democrata Obama quando tiverem que considerar o aumento do limite de empréstimo em fevereiro, porque o fracasso em fechar um acordo pode significar o calote da dívida norte-americana ou outro rebaixamento na nota de crédito do país. Um confronto similar em 2011 levou a um rebaixamento do crédito.

"A nossa oportunidade, aqui, é o teto da dívida", disse o senador republicano Pat Toomey da Pensilvânia na MSNBC. "Nós, republicanos, precisamos estar dispostos a tolerar um desligamento parcial e temporário do governo, que é o que isso poderia significar".

Mas Obama e os congressistas democratas podem ser encorajados pela vitória na primeira rodada de batalhas fiscais, quando dezenas de deputados republicanos cederam e votaram por aumentos importantes de impostos pela primeira vez em duas décadas.


"Acreditamos que a aprovação dessa legislação reforça bastante a vantagem do presidente nas negociações que virão", disse a líder da minoria na Câmara, Nancy Pelosi, à NBC em uma entrevista que foi ao ar na quinta-feira.

Obama, que está de férias no Havaí, sancionou a lei na noite de quarta-feira, disse a Casa Branca.

"Recebemos o projeto no fim da tarde, e foi imediatamente processado. Uma cópia foi entregue ao presidente para revisão. Ele, então, ordenou que a lei fosse assinada por autopen", disse um funcionário do governo. Um autopen é uma caneta automática com a assinatura presidencial.

A deterioração das relações entre os líderes dos dois partidos no episódio do abismo fiscal não prenuncia nada de bom para os embates mais difíceis adiante. O vice-presidente do país, Joe Biden, e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, tiveram que intervir para chegar a um acordo final em meio a relações desgastadas entre o presidente da Câmara, John Boehner, e Obama.

Analistas advertem que isso pode não ser tão fácil. "Embora os mercados e a maioria dos contribuintes respirem aliviados por alguns dias, desculpem-nos se não comemoramos", disse Greg Valliere, estrategista político do Potomac Research Group.

"Nós advertimos consistentemente que as próximas disputas representam uma ameaça bem maior aos mercados -a conversa sobre calote vai crescer até fevereiro, acompanhada por preocupações sobre um rebaixamento na nota de crédito", disse.

As agências de classificação Moody's Investors Service e Standard & Poor's disseram que a medida contra o "abismo fiscal" não colocou o orçamento em um caminho mais sustentável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que elevar o teto da dívida seria uma medida crítica.

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