Economia

EUA: "Olho por olho, dente por dente" no comércio com China não nos ameaça

Secretário de Comércio dos Estados Unidos afirmou esperar que Washington e Pequim possam chegar a "um acordo (comercial) justo"

China e EUA: para reduzir o PIB americano em 1 ponto porcentual, país asiático teria de tarifar as exportações do país em US$ 180 bilhões (Damir Sagolj/Reuters)

China e EUA: para reduzir o PIB americano em 1 ponto porcentual, país asiático teria de tarifar as exportações do país em US$ 180 bilhões (Damir Sagolj/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de maio de 2018 às 17h37.

São Paulo - O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, afirmou nesta segunda-feira esperar que Washington e Pequim possam chegar a "um acordo (comercial) justo".

"Mas, se isso não acontecer, um comércio (sob a lógica de) 'olho por olho, dente por dente' não seria economicamente uma ameaça de morte aos Estados Unidos", disse.

Em um discurso no Clube Nacional da Imprensa, em Washington, Ross explicou que, para reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) americano em 1 ponto porcentual, a China teria de tarifar as exportações do país em US$ 180 bilhões.

"Isso é muito mais do que o total de US$ 130 bilhões em bens que exportamos para eles", pontuou o secretário.

"Portanto, não há qualquer circunstância de mundo real na qual a China pudesse cortar nosso PIB nessa proporção. Nós simplesmente não exportamos o suficiente para eles (para que isso seja possível)", alegou.

Em sua fala, Ross apontou ainda que o "impacto inflacionário máximo" sob uma hipotética retaliação tarifária de US$ 180 bilhões vinda de Pequim seria de US$ 45 bilhões, "ou 0,25%" da economia americana.

Ele comentou ainda que, em vez de retaliar as tarifações anunciadas pelo governo do presidente Donald Trump até agora, a China poderia "facilmente" reduzir o déficit comercial americano ao comprar dos EUA "uma porcentagem maior de suas importações existentes de US$ 1,5 trilhão, em vez de (adquiri-las) de parceiros de livre comércio existentes".

Soja brasileira

Ao abordar a dependência chinesa de importações de produtos agrícolas, Ross calculou que o Brasil teria de elevar suas exportações de soja à China em 60% para substituir as vendas americanas desse grão ao país asiático.

"Mas, se o Brasil pudesse embarcar (adicionalmente) tanto assim a preços competitivos, eles já estariam fazendo isso", acrescentou.

Em sua avaliação, retaliações de Pequim às tarifações americanas "impactariam negativamente" a própria economia chinesa.

Ele comentou em sua explanação que o Brasil não está retendo exportações de soja "só para ajudar os Estados Unidos". "O Brasil também tem problemas com o clima e as redes de transporte, o que limita a sua capacidade de exportar materialmente mais do que já exporta", pontuou o secretário.

Ross disse ainda que, "para suprir a demanda adicional chinesa" que poderia surgir se o país asiático retaliasse as tarifas dos EUA, o Brasil teria de redirecionar para a China parte da soja que hoje é vendida a outros países.

"Se eles (o Brasil) fizessem isso, o mercado que eles abasteciam anteriormente estaria agora aberto a produtores dos EUA", completou.

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