Bolsonaro e Trump (Andrew Harrer/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 10 de outubro de 2019 às 12h09.
Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 12h59.
O governo dos EUA se recusou a endossar a tentativa do Brasil de ingressar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), marcando uma reviravolta após meses de apoio público por parte das principais autoridades norte-americanas.
O secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, rejeitou um pedido para discutir uma nova ampliação da OCDE, do clube dos países mais ricos, de acordo com a cópia de uma carta enviada ao secretário-geral da entidade, Angel Gurria, em 28 de agosto e à qual a Bloomberg News teve acesso.
Na carta, Pompeo deixou claro que Washington apoia apenas as candidaturas de adesão de Argentina e Romênia.
“Os EUA continuam a preferir a ampliação a um ritmo contido que leve em conta a necessidade de pressionar por planos de governança e sucessão”, afirmou o secretário de Estado na carta.
A mensagem contradiz a posição pública dos EUA sobre o assunto. Em março, o presidente Donald Trump, em entrevista coletiva conjunta com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, na Casa Branca, declarou apoiou à entrada do Brasil no grupo de 36 países.
Em julho, o Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, reiterou o apoio de Washington ao Brasil durante uma visita a São Paulo.
Os EUA apoiam a ampliação comedida da OCDE e um eventual convite para o Brasil, mas estão trabalhando primeiro para as entradas de Argentina e Romênia, tendo em vista os esforços de reforma econômica e o compromisso com o livre mercado desses países, disse uma autoridade sênior dos EUA, que pediu para não ser identificada porque não está autorizada a falar publicamente sobre deliberações políticas internas.
O governo brasileiro não respondeu a reiterados pedidos de comentários. Um funcionário da assessoria de imprensa da OCDE em Paris não fez nenhum comentário imediatamente.
O Brasil apresentou seu pedido de adesão à OCDE em maio de 2017.