Economia

EUA não estão prontos para acordo comercial com a China, diz Trump

Presidente norte-americano apontou que pode cancelar as reuniões marcadas para setembro, em um novo ataque na guerra comercial com Pequim

Trump: presidente apontou que pode cancelar reuniões marcadas para setembro (Leah Millis/Reuters)

Trump: presidente apontou que pode cancelar reuniões marcadas para setembro (Leah Millis/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de agosto de 2019 às 16h04.

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (9) que não está pronto para finalizar um acordo comercial com Pequim, e apontou que pode cancelar as reuniões marcadas para setembro, em um novo ataque na acirrada guerra comercial com a China.

"Vamos ver se vamos, ou não, manter nossa reunião de setembro", disse Trump à imprensa na Casa Branca, antes de sair de férias em seu resort de golfe em Nova Jersey.

As relações azedaram ainda mais na semana passada, depois que Trump anunciou uma nova rodada de tarifas punitivas sobre os produtos chineses, apesar de uma trégua com o presidente Xi Jinping. Pequim reagiu suspendendo todas as compras de produtos agrícolas americanos.

O Tesouro americano, então, declarou a China um manipulador de moeda, depois que o yuan teve forte desvalorização, diante da nova rodada de tarifas que deve entrar em vigor em 1º de setembro.

"Não estamos prontos para fechar um acordo, mas vamos ver o que vai acontecer", afirmou o presidente. "Temos todas as cartas. Estamos bem", insistiu.

Negociadores americanos e chineses se reuniram em Xangai no fim de julho para negociações presenciais pela primeira vez desde a interrupção dos diálogo em maio. Uma nova rodada estava prevista para setembro.

"Vamos ver se foi, ou não, cancelada", declarou.

Ele também disse que os EUA não farão negócios com a gigante chinesa de tecnologia Huawei, apesar das promessas anteriores de permitir que firmas americanas solicitem isenções das restrições de segurança nacional às operações da empresa.

Após seus comentários, as bolsas começaram a cair, interrompendo a tímida recuperação de uma queda provocada pelas preocupações contínuas de que a guerra comercial causará uma desaceleração na economia global.

Dólar mais fraco

Os dois países impuseram tarifas de US$ 360 bilhões no comércio bilateral e, com a nova rodada anunciada por Trump, todos os produtos chineses estariam sujeitos a tarifas punitivos.

Na segunda-feira, Pequim permitiu que o yuan derretesse, ficando abaixo de sete por dólar, mas depois interveio para deter o queda.

Trump novamente acusou o país de "depreciar sua moeda", mas seus comentários sobre as negociações comerciais reduziram ainda mais a taxa de câmbio.

"O yuan chinês, que esteve no centro das atenções durante toda a semana, está se aproximando de seu ponto mais baixo em uma década", disse Ken Berman, estrategista do Gorilla Trades, em nota.

Trump lamentou nesta quinta, pelo Twitter, da força do dólar americano que coloca os fabricantes americanos em desvantagem e, mais uma vez, exigiu que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) reduzisse as taxas de juros para compensar isso.

Esses últimos comentários fazem parte de uma implacável campanha contra o Banco Central americano, mas, desta vez, ele recuou no pedido por uma taxa de câmbio mais fraca para o dólar.

"Não, eu não faria isso", respondeu Trump ao ser questionado se desvalorizaria o dólar.

"Mas se o Federal Reserve diminuísse as taxas de juros por um tempo, eu adoraria ver (um corte de) um ponto, ou pouquinho mais", completou.

O Fed elevou as taxas de juros quatro vezes no ano passado, somando a alta de um ponto. Na semana passada, porém, reduziu-a em 0,25 ponto - o primeiro corte em mais de uma década.

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