Economia

EUA insistem para que Argentina encontre solução para dívida

Argentina terá que negociar uma solução com os credores que não aceitaram a reestruturação da dívida

Trabalhadores próximos a pôsteres de protesto contra os "abutres", em Buenos Aires (Enrique Marcarian/Reuters)

Trabalhadores próximos a pôsteres de protesto contra os "abutres", em Buenos Aires (Enrique Marcarian/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2014 às 22h36.

Washington - Os Estados Unidos pediram nesta quinta-feira à Argentina para negociar uma solução com os credores que não aceitaram a reestruturação da dívida, depois que uma série de decisões judiciais norte-americanas empurraram o país latino-americano para a beira de um calote.

A Argentina tem até o fim de julho para fechar um acordo com os chamados 'holdouts', detentores de títulos que não aceitaram os termos das reestruturações da dívida argentina e recorreram à Justiça dos Estados Unidos para garantir o recebimento total aplicado.

Se falhar, o país --que luta contra a recessão, uma das taxas de inflação mais elevadas do mundo e a diminuição das reservas estrangeiras-- corre o risco de entrar em default da dívida soberana pela segunda vez em 12 anos.

A secretária-assistente de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Roberta Jacobson, disse que é do interesse da Argentina normalizar as relações com todos os credores e é do interesse do país e da comunidade internacional que a Argentina participe plenamente do sistema financeiro internacional.

"Ambos os lados desta disputa disseram em momentos diferentes que estariam dispostos a negociar, o que, acreditamos, oferece às partes o melhor caminho para uma resolução", disse ela em uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A impossibilidade da Argentina de pagar a dívida de cerca de 100 bilhões de dólares em 2001-2002 devastou a economia, depreciou a moeda local, empurrou milhões de argentinos de classe média para a pobreza e afastou a terceira maior economia da América Latina dos mercados globais.

O chanceler argentino, Hector Timerman, disse que o país estava pronto para negociar com os holdouts, liderados por hedge funds especializados em comprar dívida com grandes descontos e negociar acordos rentáveis​​, mas em condições justas.

"Nós não vamos aceitar a extorsão e não vamos aceitar medidas que vão contra o povo argentino", disse Timerman.

Os países membros da OEA aprovaram uma declaração apoiando a Argentina, mas Jacobson disse que os EUA não podiam apoiar a declaração já que a questão está sendo tratada nos tribunais.

Os detentores dos bônus, liderados por Elliott Management's NML Capital e Aurelius Capital Management, rejeitaram os termos oferecidos nas reestruturações da dívida em 2005 e 2010.

Os termos foram aceitos por mais de 90 por cento dos investidores, que receberam menos de um terço do valor original dos seus títulos.

Os holdouts querem receber o valor integral, ou 1,33 bilhão de dólares, mais juros, embora dizem estar dispostos a negociar. A Argentina enviará uma equipe para Nova York em 7 de julho para se encontrar com o mediador apontado pelo tribunal norte-americano.

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