(Aly Song/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 4 de outubro de 2021 às 14h35.
Última atualização em 4 de outubro de 2021 às 14h45.
O governo Biden deu seu sinal mais forte de que a abordagem econômica combativa dos Estados Unidos em relação à China continuará. Em entrevista a repórteres no domingo, altos funcionários da administração Biden disseram que as tarifas sobre produtos chineses não serão suspesas de imediato e que os americanos vão exigir que Pequim mantenha compromissos comerciais acordados durante a gestão de Donald Trump.
Os funcionários indicaram que, embora Biden tenha criticado o governo Trump, sua administração continuará tentando conter as ameaças econômicas da China com barreiras comerciais e outras medidas punitivas.
As medidas incluem exigir que a China cumpra os compromissos acertados como parte do acordo comercial de Fase 1 que assinou com os Estados Unidos, em janeiro de 2020.
Até agora, o governo chinês está a caminho de ficar aquém de seus compromissos de compra de 2021 em mais de 30%, depois de ficar aquém de mais de 40% no ano passado, de acordo com Chad P. Bown, pesquisador sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional, que monitora as compras.
Espera-se que Katherine Tai, a representante comercial dos Estados Unidos, comece a conversar com seus colegas chineses nos próximos dias sobre o fracasso do país em cumprir seus acordos, disseram altos funcionários do governo.
As autoridades não descartaram a possibilidade de impor novas tarifas à China se as negociações com a segunda maior economia do mundo não produzirem os resultados desejados.
A China nega que não tenha cumprido o acordo de Fase 1, argumentando que a pandemia criou circunstâncias únicas.
O governo Biden está elaborando uma investigação sobre o uso de subsídios pela China. Se for realizada, a investigação poderá resultar em tarifas adicionais para o país asiático, segundo pessoas a par dos planos.
Em trechos divulgados na manhã de segunda-feira em Washington de um discurso que será feito ainda hoje por Katherine Tai, a representante comercial diz que, “por muito tempo, a falta de adesão da China às normas de comércio global minou a prosperidade dos americanos e de outros ao redor do mundo. ”
“Continuamos a ter sérias preocupações com as práticas comerciais centradas no estado e fora do mercado da China que não foram abordadas no acordo da Fase 1”, acrescentou ela.
O governo Biden não deu qualquer indicação de que planeja reduzir tão cedo as pesadas tarifas que o presidente Trump impôs aos produtos chineses.
Biden já criticou a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Mas, após oito meses à frente da Presidência, Biden manteve tarifas sobre produtos chinesese e as restrições ao acesso a tecnologias americanas por empresas chinesas.
Ampliou ainda a lista de funcionários chineses sob sanções por seu papel em minar as instituições democráticas de Hong Kong.
A abordagem linha-dura de Biden em relação à China ocorre em um momento de grande tensão entre a maior e a segunda maior economia do mundo e notavelmente pouco intercâmbio entre seus governos.
No mês passado, os Estados Unidos anunciaram um novo acordo para fornecer submarinos com propulsão nuclear para a Austrália, um esforço para impedir a modernização militar de Pequim e suas reivindicações de território no Mar do Sul da China.
Biden também se reuniu na Casa Branca com os líderes do Japão, Austrália e Índia, com o objetivo de colocar as principais democracias da região de acordo sobre como lidar com a influência e o autoritarismo da China.
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