Economia

EUA impõe tarifa extra de 50% para 35,9% das exportações brasileiras, calcula governo Lula

Ordem executiva assinada pela Casa Branca traz uma lista com cerca de 700 produtos que ficaram de fora da taxa maior

Agência o Globo
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Publicado em 31 de julho de 2025 às 17h47.

Última atualização em 31 de julho de 2025 às 18h01.

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O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou nesta quinta-feira, 31, que 44,6% das exportações brasileiras para os Estados Unidos ficarão de fora da tarifa de 50% imposta pelo governo americano.

A medida, assinada pelo presidente Donald Trump na quarta-feira, eleva em 40 pontos percentuais as alíquotas já aplicadas, mas inclui uma lista de cerca de 700 produtos isentos, preservando segmentos estratégicos como o aeronáutico, o automotivo, parte do agronegócio, mineração e energia.

Segundo levantamento preliminar da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), 35,9% das exportações brasileiras serão diretamente atingidas pela sobretaxa — o equivalente a US$ 14,5 bilhões em 2024. Outros 19,5% (US$ 7,9 bilhões) já estão sujeitos a tarifas específicas aplicadas a todos os países, como as de 25% para autopeças e automóveis e de 50% para aço, alumínio e cobre, previstas na Seção 232 por motivos de segurança nacional.

Entre os setores poupados estão o aeronáutico — incluindo aeronaves completas, peças e simuladores —, o automotivo (veículos de passageiros, caminhões leves e componentes), produtos energéticos como petróleo, gás, carvão e derivados, e parte do agronegócio, com isenção para suco de laranja, castanha-do-brasil e fertilizantes. Produtos minerais e metais estratégicos, como ferro-gusa, alumina e ferronióbio, também ficaram de fora.

Já entre os mais afetados estão café, carne bovina, frutas, têxteis, calçados e móveis — todos sujeitos à tarifa integral. O Brasil exportou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024, e o Cecafé prevê impacto direto nos preços. O setor de carne bovina, que embarcou 532 mil toneladas ao mercado americano no ano passado, avalia que a medida pode reduzir receitas em até 5%. No caso das frutas, a alta da tarifa pode comprometer a competitividade de mangas, uvas e açaí.

“Em linhas gerais, a maior parte das exportações brasileiras (64,1%) segue concorrendo com produtos de outras origens no mercado americano em condições semelhantes”, afirma o MDIC em nota.

O ministério também reforçou que a tarifa que entra em vigor no dia 6 de agosto não afeta mercadorias já embarcadas até sete dias após a assinatura da ordem executiva. Os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China, e o governo teme reflexos na balança comercial.

A Casa Branca justificou a decisão alegando que o Brasil representa “ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa” dos EUA, acusando o governo brasileiro de perseguição política a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e de violações a direitos humanos. O texto cita nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e menciona casos como o do comentarista Paulo Figueiredo. Trump também determinou, no último dia 18, o cancelamento de vistos de Moraes, de outros ministros e de familiares.

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