Economia

EUA impedem consenso na OCDE sobre comércio e mudança climática

Os EUA se mostraram reservados com os planos de avançar na ampliação da OCDE com a adesão de Brasil, Argentina, Bulgária, Peru, Romênia e Croácia

Sede da OCDE: a OCDE sublinha a necessidade de resistir a "todas as formas de protecionismo" (Jacques Demarthon/AFP)

Sede da OCDE: a OCDE sublinha a necessidade de resistir a "todas as formas de protecionismo" (Jacques Demarthon/AFP)

E

EFE

Publicado em 8 de junho de 2017 às 15h58.

Paris .- A posição beligerante dos Estados Unidos impediu que a reunião ministerial da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), realizada nesta quinta-feira em Paris, chegasse a um consenso em questões de comércio internacional, investimentos e mudança climática.

A ausência de uma posição comum foi explicitada na inclusão de um anexo na declaração final da reunião para especificar os pontos nos quais, segundo a estratégia diplomática utilizada pelos autores do texto, houve "quase consenso" entre os membros da OCDE.

Tanto o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Anders Samuelsen, como o secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría, evitaram falar sobre a posição norte-americana na entrevista coletiva final. Segundo diversos participantes e observadores do encontro, os diplomatas dos EUA tiveram um comportamento muito pouco construtivo.

Gurría afirmou que não houve "confrontação" no encontro e que esse é um termo "muito duro" para classificar o que ocorreu.

Após repassar o ocorrido nas últimas grandes cúpulas internacionais - marcadas pelas discordâncias do governo de Donald Trump com seus principais parceiros -, o secretário-geral da OCDE destacou que o fato de ter se firmado um grande, mas sem chegar à unanimidade sobre comércio e aquecimento global, não é uma surpresa.

O ex-ministro mexicano reforçou que a declaração da presidência sobre os pontos conflituosos conta com uma "ampla maioria".

No texto, a OCDE destaca, em primeiro lugar, a importância de um "compromisso forte" em relação a algumas regras básicas para o comércio e o investimento internacional, de modo que as empresas possam competir para reforçar o crescimento econômico sustentável global, a produtividade e o emprego.

A Organização Mundial do Comércio, segundo a declaração, deve estar no "centro de um sistema de comércio multilateral baseado em regras transparentes, não discriminatório, aberto e inclusivo".

A OCDE sublinha a necessidade de resistir a "todas as formas de protecionismo" e avançar na retirada dos subsídios governamentais que distorcem o mercado.

A entidade, porém, também reconhece que o desenvolvimento não beneficiou todo o mundo e destaca que é preciso corrigi-lo com ajustes em políticas nacionais.

Sobre o aquecimento global, o "quase consenso" entre os países-membros do bloco diz que o Acordo de Paris é "histórico".

"Ele representa a vontade e a determinação de cerca de 200 países e constitui uma pedra angular para abordar de forma efetiva e urgente a mudança climática e para implementar a Agenda de 2030".

O chefe da diplomacia dinamarquesa, após reconhecer que houve discussões "firmes", ressaltou que, dada a complexidade do mundo, não é possível "encontrar a unanimidade em cada detalhe".

Segundo participantes e observadores da reunião ministerial - iniciada ontem e realizada a portas fechadas - a delegação norte-americana, liderada pelo responsável de Comércio Exterior, Robert Lighthizer, foi particularmente combativa em questões institucionais.

Os EUA se mostraram muito reservados com os planos de Gurría de avançar rapidamente na ampliação da OCDE com a adesão de Brasil, Argentina, Bulgária, Peru, Romênia e Croácia.

E fez questão de ressaltar sua contribuição ao orçamento da OCDE, que representa 21% do total, como o maior entre os 35 países-membros.

Acompanhe tudo sobre:acordo-de-parisBrasilComércio exteriorDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Mudanças climáticasOCDE

Mais de Economia

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte