Sondas de petróleo perto de Vaudoy-en-Brie, na França 14/11/2018 REUTERS/Christian Hartmann (Christian Hartmann/Reuters)
AFP
Publicado em 11 de março de 2019 às 14h31.
Última atualização em 11 de março de 2019 às 15h41.
Os Estados Unidos continuarão a bombear mais petróleo e se tornarão o principal exportador até 2021, ultrapassando a Arábia Saudita nos mercados mundiais, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu relatório anual divulgado nesta segunda-feira.
Esta evolução "reforçará a segurança no mercado mundial de petróleo", aumentando as opções de fornecimento para os países consumidores, particularmente na Ásia, os estados da AIE, afirma este relatório cobrindo o período de 2019-2024.
A revolução do petróleo de xisto nos Estados Unidos, país tradicionalmente importador de ouro negro, o fará um dos principais produtores de petróleo do mundo.
Essa nova situação alterou os mercados mundiais de petróleo, causando uma superabundância de oferta e a consequente queda nos preços do petróleo em meados de 2014, da qual o setor ainda está lutando para se recuperar.
"É um momento extraordinário para a indústria do petróleo, num contexto em que a geopolítica se torna um fator mais importante nos mercados e a economia mundial desacelera. Para onde você olha, novos atores emergem e certezas do passado desaparecem", observou Fatih Birol, diretor executivo da AIE, citado em um comunicado.
Até 2024, os Estados Unidos continuarão a alimentar 70% do crescimento global das capacidades de produção de petróleo, com um adicional de 4 milhões de barris por dia (mbd), de acordo com a AIE.
Globalmente, as capacidades de produção aumentarão em 5,9 mbd até 2024, apesar de uma esperada reação do Irã, devido às sanções dos Estados Unidos, e da Venezuela, mergulhada em uma grave crise política e econômica.
O Brasil e a Noruega também aumentarão suas exportações de petróleo ao longo dos próximos cinco anos e contribuirão para modificar "de maneira extraordinária" a geografia global do petróleo, estima a IEA, que defende os interesses dos países consumidores.
No total, a produção de países não-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) vai disparar de 6,1 mbd para 68,7 mbd em 2024.
A AIE, no entanto, prevê que a produção de cartéis diminuirá entre 2019 e 2020, antes de experimentar um crescimento "moderado" de até 32 mbd em 2024.
No nível da demanda, um "pico" não é esperado, segundo a agência, que prevê que a China e a Índia totalizem 44% do crescimento mundial, até +7,1 mbd no período analisado, para atingir um consumo total de 106,4. mbd em 2024, em comparação com 99,2 mbd no ano passado.
O consumo será impulsionado principalmente pela indústria petroquímica, com 50 novos projetos que serão lançados antes de 2024, e transporte aéreo, especialmente na Ásia.
Por outro lado, o aumento na demanda por combustíveis irá desacelerar para uma taxa de menos de 1% ao ano.