Economia

EUA e China retomam negociações na próxima semana em meio a tensões globais

A guerra comercial entre os dois países havia sido suspensa por uma trégua 90 dias, mas o clima piorou novamente

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP/AFP)

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 19h20.

A próxima rodada de negociações comerciais entre Estados Unidos e China está marcada para a próxima semana, com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, encarregados de buscar soluções para reduzir as recentes tensões entre as duas maiores economias do mundo. O encontro ocorre em um momento de maior vulnerabilidade para os EUA após o presidente Donald Trump admitir que a taxação adicional de 100% anunciada há uma semana é “insustentável”.

Bessent confirmou que conversou virtualmente com He na noite de sexta-feira e descreveu o diálogo como “franco e detalhado”. A reunião presencial entre os dois está prevista para ocorrer na Malásia. O Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, também participou das conversas online.

As declarações foram feitas poucas horas após Trump demonstrar otimismo quanto à possibilidade de um acordo com autoridades chinesas, visando conter a crise comercial que se intensificou com a ameaça de aumento das tarifas. Segundo a Bloomberg, o gesto foi interpretado como uma tentativa de Washington de acalmar os temores de uma guerra comercial generalizada com Pequim, que poderia impactar significativamente a economia global.

Após meses de escalada, a guerra comercial entre os dois países havia sido suspensa por uma trégua 90 dias. No entanto, o clima foi abalado por novas medidas: os EUA ampliaram restrições tecnológicas e propuseram tarifas sobre navios chineses em portos americanos. Em resposta, a China adotou ações similares e restrições à exportação de terras-raras, o que levou Trump a anunciar a taxação adicional de 100% a partir de 1º de novembro.

Diálogo com o Brasil

Em meio às negociações comerciais, o presidente Trump afirmou na quinta-feira que está adotando medidas para reduzir os preços da carne nos Estados Unidos e que estaria próximo de um “acordo” para tornar o produto mais acessível aos consumidores americanos.

A declaração foi feita menos de 24 horas após a reunião entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado americano Marco Rubio, na Casa Branca, gerando expectativas no Brasil sobre uma possível revisão da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

Os Estados Unidos, segundo maior destino da carne brasileira — o país é o maior produtor mundial — viram os embarques do produto despencarem 58% em setembro, após a imposição da tarifa. Nos EUA, os preços da carne já subiram 14% em 2025, e Trump foi questionado sobre a “inflação do bife” durante conversa com jornalistas no Salão Oval.

Associações americanas das indústrias de carnes e café também pressionam o governo Trump para reverter a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, já que o país é o maior fornecedor desses itens para o mercado dos EUA.

Trump também recebeu nesta semana o presidente Javier Milei, da Argentina, outro importante fornecedor de carne para os EUA, embora os embarques argentinos ainda estejam sujeitos a uma cota anual.

Outro ponto de vulnerabilidade para os americanos é o comércio de soja. A China, maior importadora mundial do grão, não realiza compras dos EUA há dois meses, optando por fornecedores como Brasil e Argentina. Diante da pressão de agricultores americanos, Trump tem feito ameaças para que Pequim retome as compras, mas sem sucesso até o momento.

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