Economia

EUA consideram maior controle sobre relações de empresas com a China

Governo americano pode começar a analisar parcerias informais entre empresas do país e companhias chinesas no campo da inteligência artificial

EUA e China: revisões do governo dos EUA até o momento foram limitadas a acordos de investimento e aquisições corporativas (Hyungwon Kang/Reuters)

EUA e China: revisões do governo dos EUA até o momento foram limitadas a acordos de investimento e aquisições corporativas (Hyungwon Kang/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 27 de abril de 2018 às 17h57.

O governo dos Estados Unidos pode começar a analisar parcerias informais entre empresas norte-americanas e chinesas no campo da inteligência artificial, que ameaçam práticas que há muito tempo são consideradas atividades de desenvolvimento para empresas de tecnologia, disseram fontes ligadas às discussões.

Até agora, as revisões do governo dos EUA para segurança nacional e outras preocupações foram limitadas a acordos de investimento e aquisições corporativas. Essa possível nova expansão do mandato - que serviria como uma medida provisória até que o Congresso imponha restrições mais rígidas aos investimentos chineses - está sendo incentivada por membros do Congresso e do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, preocupados com o roubo de propriedade intelectual e transferência de tecnologia para a China, de acordo com quatro pessoas familiarizadas com o assunto.

A inteligência artificial, em que as máquinas imitam o comportamento humano inteligente, é uma área de interesse particular por causa do potencial da tecnológico para o uso militar, disseram as fontes. Outras áreas de interesse para essa nova avaliação incluem semicondutores e veículos autônomos, acrescentaram.

Essas considerações estão em estágios iniciais, portanto, ainda não está claro se avançarão e que relações corporativas informais essa nova iniciativa examinaria.

Qualquer esforço amplo para cortar as relações entre empresas de tecnologia chinesas e norte-americanas -mesmo que temporariamente- poderia ter efeitos dramáticos em toda a indústria. Grandes empresas de tecnologia americanas, incluindo Advanced Micro Devices, a Qualcomm, Nvidia e a IBM, têm atividades na China variando de laboratórios de pesquisa até iniciativas de formação, muitas vezes em colaboração com empresas chinesas e instituições que são grandes clientes.

Os melhores talentos em áreas como inteligência artificial e design de chips também fluem livremente entre empresas e universidades em ambos os países.

A natureza das relações comerciais informais varia muito.

Por exemplo, quando a fabricante de chips Nvidia -líder em hardware IA- revelou uma nova unidade de processamento gráfico que dá força a data centers, videogames e mineração de criptomoedas no ano passado, distribuiu amostras a 30 cientistas de inteligência artificial, incluindo três que trabalham com o governo da China, de acordo com a Nvidia.

Para uma empresa como a Nvidia, que tem um quinto de seus negócios da China, a oferta era normal. Possui vários arranjos para treinar cientistas locais e desenvolver tecnologias que dependem de seus chips. Oferecer acesso antecipado ajuda a Nvidia a personalizar os produtos para que possa vender mais.

O governo dos EUA poderia anular esse tipo de cooperação por meio de um decreto de Trump invocando a Lei de Poder Econômico Internacional de Emergência. Essa medida poderia desencadear amplos poderes para impedir ou rever parcerias corporativas informais entre uma empresa norte-americana e chinesa, qualquer investimento chinês em uma empresa de tecnologia dos Estados Unidos ou as aquisições de imóveis chineses perto de locais militares sensíveis dos EUA, disseram as fontes.

"Eu não vejo nenhuma alternativa em ter um regime mais forte (regulatório) porque o resultado final é que, sem ele, as empresas chinesas vão ficar mais fortes", disse uma das fontes, que está assessorando os parlamentares dos EUA nos esforços para revisar e endurecer as regras de investimento estrangeiro dos EUA. "Eles vão desafiar nossas empresas em 10 ou 15 anos."

James Lewis, ex-funcionário do Departamento de Relações Exteriores, disse que se o ato de emergência fosse invocado, funcionários do governo dos EUA, incluindo os do Departamento do Tesouro, poderiam usá-lo "para pegar qualquer coisa" que atualmente esteja fora do escopo do regime regulatório.

Um funcionário da Casa Branca disse que não haveria nenhum comentário sobre as especulações em torno de discussões sobre políticas internas de administração, mas acrescentou que "estamos preocupados com o Made in China 2025, particularmente relevante neste caso é o seu direcionamento para indústrias como a IA (inteligência artificial)".

Made in China 2025 é um plano industrial delineando a ambição da China de se tornar um líder de mercado em 10 setores-chave, incluindo semicondutores, robótica, medicamentos e dispositivos e carros verdes inteligentes.

No mês passado, a Casa Branca delineou novas tarifas de importação que foram amplamente direcionadas à China para o que Trump descreveu como "roubo de propriedade intelectual". Isso levou o governo do presidente chinês, Xi Jinping, a retaliar com sanções contra os Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Guerras comerciais

Mais de Economia

Desemprego cai para 6,4% no 3º tri, menor taxa desde 2012, com queda em seis estados

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos