Dinheiro: a participação estrangeira chegou a 18,8% em 2015 (Luciano Marques/Thinkstock)
Agência Brasil
Publicado em 27 de abril de 2018 às 13h48.
Os estrangeiros investiram menos em títulos públicos brasileiros em março, de acordo com o Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, divulgado hoje (27) pela Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda.
O relatório mostrou que a participação dos investidores não-residentes passou de 12,39% em fevereiro para 11,84% em março. Em valores nominais, esse investimento passou de R$ 428,32 bilhões em fevereiro para R$ 415,17 bilhões em março.
A participação dos estrangeiros já foi maior. De acordo com o Tesouro, em 2014, a participação deles era 18,6%; em 2015, subiu para 18,8%; em 2016, caiu para 14,3% e, em 2017, fechou em 12,1%.
Na avaliação da coordenadora de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Márcia Tapajós, as quedas que ocorrem mês a mês são marginais, "mas elas vêm ocorrendo sucessivamente", disse.
Segundo Márcia, as quedas na participação desses investidores está relacionada às quedas da Selic, taxa básica de juros da economia, que atualmente está no menor patamar histórico, em 6,5% ao ano. Isso reduz também grande parte dos juros pagos pelo Tesouro aos investidores, tornando o negócio menos atrativo.
"O que ocorre para esses investidores é que o diferencial de jutos para outros [países] emergentes passa a não ser tão expressivo, então eles optam por procurar investimentos em outros mercados", explicou.
Apesar da queda dos investimentos estrangeiros, Márcia disse que a situação não é preocupante. "Não é preocupante até porque nossa estrutura de detentores é bem distribuída, não tem concentração especifica em um segmento".
O relatório divulgado hoje (27) mostra que em março os maiores detentores da dívida pública eram Fundos de Investimento, com 29,21%. Os Fundos de Previdência ficaram em segundo lugar, com uma participação relativa de 22,80%. Em seguida, estão as instituições financeiras com 22,39%; os investidores estrangeiros, com 11,84% da dívida; o governo, 4,38%; as seguradoras, 3,85%; e outros, 5,53%.
Títulos públicos são papéis emitidos pelo Tesouro Nacional para financiar a dívida pública. Em troca de emprestar dinheiro para o governo, os investidores recebem determinada rentabilidade, que varia de acordo com o título contratado.
O relatório mensal divulgado pelo Tesouro mostra que Dívida Pública Federal (DPF) - que inclui o endividamento interno e externo do Brasil - teve aumento de 1,51% em março chegando a R$ 3,636 trilhões.
Apesar da queda da taxa básica de juros, o título Tesouro Selic (LFT), cuja rentabilidade segue a variação da taxa Selic, concentra a maior parte da dívida do Tesouro. Sozinho, representa 31,07% da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que por sua vez, representa 96,45% do total da Dívida Pública Federal.
A vantagem desse título, de acordo com o Tesouro, é que o valor de mercado apresenta baixa volatilidade, evitando perdas no caso de venda antecipada. Por essa razão, é considerado um título indicado para um perfil mais conservador. É indicado também para o investidor que não sabe exatamente quando precisará resgatar seu investimento.