Economia

"Estamos vendo um novo país nascer", diz Meirelles

"No momento em que começa a voltar a confiança, a roda da economia começa a girar”, disse o ministro no evento Melhores e Maiores da revista EXAME em São Paulo

Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, no Melhores e Maiores de 2016 em São Paulo (EXAME.com)

Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, no Melhores e Maiores de 2016 em São Paulo (EXAME.com)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de julho de 2016 às 10h20.

São Paulo – Henrique Meirelles disse hoje que "estamos vendo um novo país nascer" e que não se preocupa em quanto tempo estará na cadeira.

O ministro da Fazenda falou na abertura da 43ª edição do Melhores e Maiores, premiação da revista EXAME realizada na noite dessa quarta-feira no Teatro Santander em São Paulo.

Ele começou sua fala apontando que os países que deram mais certo foram aqueles que souberam escolher quais problemas iriam atacar.

O problema maior do Brasil, na sua avaliação, foi a queda da confiança devido a uma “consciência da insustentabilidade do crescimento da despesa pública e da dívida”. 

Esse crescimento, segundo ele, é resultado de previsões constitucionais que causaram um engessamento cada vez maior do gasto, reduzindo a margem que Executivo e Legislativo tinham para cortes.

De 2007 a 2015, o crescimento real da despesa foi de cerca de 50% acima da inflação enquanto a receita cresceu 17% pela mesma medida.

A população sentiu isso através do aumento da inflação enquanto o mercado viu aumento do risco país e os empresários enfrentaram aumento do custo de financiamento:

“Algo que estava crônico tornou-se agudo e entramos nesse tipo de espiral”, disse Meirelles.

Teto de gastos

A solução proposta pelo ministro é uma emenda constitucional de teto de gastos, que limita o crescimento da despesa à inflação do ano anterior.

“É uma mudança fundamental e de um impacto muito maior do que muitos analistas olharam em um primeiro momento”, disse o ministro, notando que o investimento em saúde e educação será preservado no patamar atual.

"Se nós olharmos a curva da educação brasileira vamos ver que aumentou escolaridade, número de alunos, etc mas a qualidade ainda é muito baixa, e é aí que tem que haver de fato um investimento de gestão, trabalho sério e de foco no resultado", disse o ministro.

Ele disse que era importante que o governo “falasse a verdade”, como na admissão de que 2016 fecharia com um déficit de R$ 170 bilhões, e ao mesmo tempo mostrasse resultado concretos, citando aprovações já feitas como a da Desvinculação das Receitas da União (DRU).

“Um dos grandes enganos que os governantes podem cometer é que coordenação de expectativas se faz só com o verbo”, disse Meirelles.

Volta da confiança

De acordo com o ministro, o resultado do trabalho feito pelo governo já está aparecendo na reversão da tendência de queda dos índices de confiança de consumidores e empresários.

“Nós já estamos vendo acontecer alguma coisa nos mercados mesmo sem termos ainda a votação desta emenda (...) No momento em que começa a voltar a confiança, a roda da economia começa a girar”.

O ministro não mencionou a reforma da Previdência. O governo criou nessa semana um segundo grupo de trabalho para esboçar uma proposta após o primeiro não ter chegado a um consenso.

De acordo com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, não há mais prazo para apresentação da proposta, mas a intenção continua sendo de aprovar uma reforma até o final do ano.

O senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, também esteve no evento, assim como o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, e Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo.

Meirelles volta para Brasília depois do discurso e deve se encontrar amanhã cedo com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na parte da tarde, tem na agenda uma reunião do Conselho Monetário Nacional que pode estabelecer uma meta de inflação menor para 2018. 

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