Economia

Estabilidade econômica é "faca de dois gumes", diz Bernanke

Segundo o presidente da instituição, Fed está mais preocupado com as "variações bruscas" dos preços dos ativos que com seu valor médio durante certo período.


	"Os agentes dos mercados financeiros aparentemente tendem a correr maiores riscos quando as condições macroeconômicas são relativamente estáveis", disse Bernanke em discurso
 (AFP)

"Os agentes dos mercados financeiros aparentemente tendem a correr maiores riscos quando as condições macroeconômicas são relativamente estáveis", disse Bernanke em discurso (AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2013 às 18h15.

A estabilidade econômica é crucial, mas pode se transformar em "uma faca de dois gumes", encorajando os investidores a correr riscos desproporcionais, disse nesta sexta-feira o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke.

"Os agentes dos mercados financeiros aparentemente tendem a correr maiores riscos quando as condições macroeconômicas são relativamente estáveis", disse Bernanke em um discurso feito em Chicago (Illinois, nordeste), cujo texto foi transmitido à imprensa.

"Um período de estabilidade econômica prolongada pode ser uma faca de dois gumes", acrescentou.

Ao serem beneficiados com fundos a baixo custo aportados pelo Fed, os investidores levaram recentemente a bolsa de Wall Street a recordes históricos, gerando temores sobre a formação de uma bolha financeira nos Estados Unidos, onde a economia está apenas decolando.

Na quarta-feira, os principais índices de Wall Street, o Dow Jones e o S&P 500, alcançaram níveis inéditos.

"No contexto atual de baixas taxas de juros, controlamos de perto os casos de uma 'corrida ao lucro' e outras formas de risco que poderiam afetar o preço dos ativos e sua relação com os fundamentos" da economia, alertou o chefe do Fed.

Segundo Bernanke, o Fed está mais preocupado com as "variações bruscas" dos preços dos ativos que com seu valor médio durante certo período.

O presidente do Federal Reserve também manifestou sua preocupação com o problema persistente dos gigantes financeiros, as empresas "grandes demais para quebrar" cujo fracasso poderia desestabilizar todo o sistema financeiro e que, portanto, deveria ser evitado a todo custo pelo Estado.


"As (empresas) grandes demais para quebrar são um verdadeiro problema. Não teremos cumprido nosso objetivo de reforma do (sistema de) regulação financeira enquanto não resolvermos, de forma adequada, este problema", disse Bernanke.

Segundo ele, a existência desses bancos chamados "sistêmicos" gera um "campo de jogo desigual" com outro tipo de instituições, cria uma "falta de disciplina do mercado" e impulsiona uma "excessiva tomada de riscos".

Para enfrentar esse problema, as autoridades dos Estados Unidos exigem dos grandes bancos que publiquem um relatório detalhando como poderiam ser desmontados se fosse necessário, sem desestabilizar o setor financeiro nem apelar a fundos públicos, como aconteceu durante a crise.

"Isso é, em parte, uma questão de credibilidade do governo", comentou Bernanke, ao mesmo tempo em que outros dois dirigentes do Fed julgaram na quinta-feira que os esforços de regulação ainda são insuficientes nesta área.

O objetivo do Fed é que os mercados saibam que, sem prejuízo das regras vigentes, "o governo cumprirá seu compromisso de desmantelar estas instituições" e deixará que quebrem se for necessário, acrescentou Bernanke.

Aturdido pela quebra de Lehman Brothers em setembro de 2008, o governo de George W. Bush resgatou vários bancos para evitar que tivessem o mesmo destino.

"Nosso sistema financeiro, apesar de uma recuperação significativa nos últimos quatro anos, continua lutando com as consequências econômicas, legais dos eventos de 2007 e 2009", sentenciou Bernanke.

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