Economia

Estabilidade é condição para crescimento, diz Tombini

Presidente do Banco Central considera necessário combater a inflação para garantir o crescimento brasileiro

Alexandre Tombini comemorou a desaceleração do IGP-M (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Alexandre Tombini comemorou a desaceleração do IGP-M (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2011 às 13h12.

Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse hoje que o controle da inflação não é incompatível com o crescimento econômico. Durante audiência com senadores e deputados, em Brasília, ele afirmou que, a despeito disso, existem os "ciclos monetários", que às vezes, como agora, precisam trabalhar para conter a demanda e segurar a inflação. De qualquer forma, Tombini salientou que a estabilidade de preços é condição para o crescimento sustentável, porque reduz os prêmios de risco, incentivando as decisões de investimento do setor privado.

Tombini disse ainda que a desaceleração do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) está relacionada ao trabalho feito pelo governo recentemente, à sazonalidade, à diminuição da alta dos preços das commodities e à entrada da safra doméstica. "Mas recuo do IGP-M é notícia alvissareira", disse aos parlamentares.

Para ele, é possível que esse movimento do indicador possa ser verificado também no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no futuro. "Vamos ver isso refletido nos preços ao consumidor, sem dúvida", previu. Tombini disse ainda que o crédito crescerá mais em linha com o que BC está pensando, saindo da atual taxa de avanço de 20% ao ano.

Sobre o exterior, o presidente do BC citou que há avaliações de analistas que enxergam sinais de recuperação da economia americana e reequilíbrio do dólar no mercado internacional. Porém, segundo ele, também há quem diga que essa normalização ainda vai demorar. "Mercados têm expectativa do início das normalizações nos Estados Unidos no início de 2012. Não temos por que pensar muito diferente."

O presidente do BC afirmou ainda que a autoridade monetária está endereçando a questão da inflação desde o início do ano, tomando medidas para reverter a alta dos índices de preços. Segundo ele, o BC tem como um desafio econômico de curto prazo "fazer a inflação convergir para o centro da meta, mesmo diante do aumento de preços de commodities agrícolas e do petróleo e das pressões inflacionárias internas". Ele mencionou que, desde julho do ano passado até abril, as commodities já subiram 78% em dólar e cerca de 56% em reais, o que tem um impacto defasado no IPCA.

Outro desafio do BC no curto prazo é lidar com o intenso fluxo de capitais estrangeiros, que tem impacto inflacionário, à medida que eleva os preços dos ativos brasileiros e incentiva o crédito. "Alguns fluxos cresceram muito e muito rapidamente, gerando preocupação sobre seu impacto inflacionário e sobre o risco de instabilidade financeira, quando a situação melhorar lá fora e eles (os recursos estrangeiros) saírem do Brasil. O BC está monitorando e procurando minimizar esses riscos", disse Tombini.

O presidente do BC destacou que a inflação tem subido em grande parte das economias do planeta, emergentes e desenvolvidas, bem como as expectativas inflacionárias do setor privado. Ele mencionou que, além das commodities, a inflação tem subido também em função dos serviços, que refletem o nível de atividade econômica. "Estamos tratando disso", disse.

Tombini ressaltou que o BC tem tomado medidas para combater a inflação, subindo os juros (125 pontos-base), adotando medidas macroprudenciais - que já tiveram efeitos importantes no crédito - e contando com a ajuda da política fiscal, cujos dados mais fortes ajudam a controlar a trajetória dos preços.

Perspectivas

O presidente do BC afirmou que a economia brasileira tem excelentes perspectivas para os próximos anos. Ele acredita que haverá crescimento forte e sustentável, ampliação da classe média e ingressos fortes de investimentos, favorecidos pela exploração do pré-sal, pelas obras de infraestrutura, pela exploração de reservas minerais e agrícolas e pelos eventos esportivos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Além disso, Tombini destacou que até 2025 o Brasil viverá um período de bônus demográfico, o que ajuda a aumentar a renda e a poupança e que precisa ser aproveitado.

Acompanhe tudo sobre:Alexandre TombiniBanco CentralEconomistasInflaçãoMercado financeiroPersonalidades

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados