Casa Rosada, em Buenos Aires: argentinos vão gastar R$ 1,5 mi em propaganda para atrair turistas brasileiros (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - Se dentro dos campos de futebol e no cenário econômico Brasil e Argentina têm suas diferenças, no que diz respeito ao turismo, a relação vai muito bem. De acordo com José Eduardo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) "este momento em particular é a grande oportunidade de o brasileiro viajar para a Argentina."
Além dos mais do que conhecidos atrativos culturais e da beleza de suas paisagens, a Argentina também fisga o turista pelo bolso. Em primeiro lugar, o câmbio é altamente favorável aos que desejam conhecer a terra do tango. Para se ter uma ideia, desde 2005, a cotação do peso argentino caiu quase pela metade na comparação com o real. Segundo dados da consultoria CMA, em junho de 2005, o peso equivalia a aproximadamente 1,20 reais. No fechamento do câmbio desta segunda-feira, a relação peso-real chegou a 2,16.
Outro fator positivo resulta dos efeitos da crise mundial de 2008. Segundo Barbosa, com a queda na demanda nos piores dias da turbulência, as redes de hotéis foram forçadas a baixar seus preços. "Estas ofertas ainda persistem", afirma o presidente da Braztoa. Finalmente há o fato de que a grande quantidade de voos operando entre os dois países torna o preço das passagens mais competitivo.
E não são apenas os brasileiros que acreditam no bom momento. Segundo dados da Braztoa, os argentinos vão gastar 1,5 milhão de dólares em 2010 em propaganda para dizer aos brasileiros que, crises à parte, o charme de seu país continua o mesmo. Em 2009, o investimento em propaganda direcionada ao Brasil feito pelo governo argentino foi de pouco mais de 800 milhões de dólares.
A preocupação dos argentinos em divulgar seus atrativos não é sem razão. O Brasil é um dos principais mercados emissores de turistas para a Argentina. De acordo com informações da Secretaria de Turismo argentina, em 2008, 874 mil turistas desembarcaram no país vizinho. Em 2009, apesar da queda em função da epidemia de gripe suína, a chegada de brasileiros se manteve forte: 721,3 mil.
Os brasileiros são também os que mais gastam naquele país. A Secretaria informou que, em 2008, o consumo dos turistas daqui em terras argentinas somou 772,3milhões de dólares . No ano passado, este valor sofreu redução, mas chegou a 576,2 milhões.
Pouco convencional
O presidente da Braztoa destaca ainda que as condições a favor do turista brasileiro devem pôr em evidência outros destinos na Argentina além dos tradicionais. "O câmbio argentino permaneceu forte durante muito tempo. Isso fez com que os brasileiros variassem pouco suas opções dentro do país", diz José Eduardo Barbosa. Ele afirma que, aos poucos, outras cidades fora Buenos Aires e Bariloche estão entrando no radar dos brasileiros.
"Buenos Aires é a escapada ideal para quem vive nas grandes cidades brasileiras. Possui uma hotelaria de alto nível, bons restaurantes. Sempre será um clássico para mercado brasileiro. Mas existem outros locais tão bons quanto. E eles estão voltando às prateleiras do consumo em turismo. Regiões como a Patagônia, Mendoza e Salta, no norte do país, começam a exibir um enorme potencial de atração de turistas do Brasil.", diz Barbosa.
Leonel Rossi, diretor de assuntos internacionais da Associação Brasileira das Agências de Viagem, confirma o otimismo de Barbosa. Ele lembra que, em 2009, houve uma queda na demanda por pacotes turísticos principalmente durante o inverno, por causa da gripe suína. Entretanto, a expectativa é de uma recuperação total em 2010. "Esta será uma temporada de inverno e tanto", prevê.