Economia

Especialistas lançam dúvidas sobre números do crescimento chinês

Grupo de pesquisa estima que economia chinesa cresceu 4,1% em 2018, em vez dos 6,5% que governo deve anunciar na segunda-feira (21)

Economistas chineses e estrangeiros suspeitam que estatísticas do governo são manipuladas (Getty/Getty Images)

Economistas chineses e estrangeiros suspeitam que estatísticas do governo são manipuladas (Getty/Getty Images)

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AFP

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 15h09.

Última atualização em 16 de janeiro de 2019 às 15h11.

O crescimento econômico chinês em 2018, que será anunciado na próxima segunda-feira, pode se revelar ainda menor que o esperado, alerta o grupo de pesquisa Conference Board, que lança dúvidas sobre a confiabilidade dos dados oficiais.

Este organismo mundial, que trabalha para o setor dos negócios e para suas empresas aderentes, estima que a economia chinesa cresceu apenas 4,1% em 2018, em vez dos 6,5% que o governo deve anunciar na segunda.

Vários economistas chineses e estrangeiros suspeitam há algum tempo que as estatísticas do governo são manipuladas, como indica o fato de o crescimento anual sempre corresponder à meta oficial fixada de antemão.

O governador da província de Liaoning admitiu, em 2017, que esta região industrial do nordeste da China tinha falsificado seus dados ao longo de anos.

De acordo com uma nota confidencial publicada pelo WikiLeaks em 2010, o atual primeiro-ministro Li Keqiang afirmava, em 2007, quando governava a província, que alguns dados eram "inventados".

O Conference Board, cujas investigações são acompanhadas de perto por investidores e diretores, calcula um Produto Interno Bruto (PIB) alternativo para a China desde 2014.

David Hoffman, seu vice-presidente para a região Ásia-Pacífico, explica que sua organização tem seus próprios métodos de cálculo do crescimento do setor de serviços e da produção industrial para reduzir as distorções nos mecanismos que estabelecem os preços oficiais.

Seus dados mostram maior vulnerabilidade aos fatores exteriores que a anunciada pelo governo.

Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas (BNS), por exemplo, o crescimento caiu a 7,8% em 1998 devido à crise financeira asiática, frente aos 9,2% de 1997.

Mas, segundo cálculos do Conference Board, o PIB na verdade caiu à metade entre esses dois anos, de 4,5% a 2,3%.

Da mesma forma, os dados oficiais podem ter dado uma imagem atenuada das crises posteriores, como a deflação dos preços do petróleo e das matérias-primas em 2014-2015.

O Conference Board acredita que, em 2015, o crescimento caiu a 3,8%, frente a 6,3% do ano anterior. Os dados oficiais indicam uma queda menor: de 7,3% a 6,9%.

De acordo com Hoffman, se as estatística de sua organização estiverem certas, isso "significa que reformas econômicas substanciais são urgentes" na China, especialmente em um contexto de conflitos comerciais e desaceleração da demanda mundial.

A China admite ter um problema com dados econômicos, e o BNS anunciou recentemente o lançamento inédito de uma ofensiva contra a falsificação de estatísticas e a criação de um sistema unificado e nacional para calcular o crescimento.

Segundo Gao Yuan, economista da Conference Board, as pressões externas sobre a economia chinesa "devem se manifestar de forma mais significativa" em 2019.

O Conference Board acredita que o PIB da China vai crescer em média 3,8% entre 2019 e 2023 e 3,4% entre 2024 e 2028.

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