Economia

Espanha: setor financeiro na mira dos mercados

Mariano Rajoy se esforçou para acalmar os investidores e pediu uma ação europeia para dissipar as dúvidas sobre o euro

"Com um prêmio de risco de 500 pontos básicos, é muito difícil se financiar", admitiu Rajoy (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

"Com um prêmio de risco de 500 pontos básicos, é muito difícil se financiar", admitiu Rajoy (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2012 às 12h56.

Madri - O aumento dos rumores de mercado sobre uma possível ajuda financeira internacional à Espanha - gerado principalmente pelo resgate recorde do Bankia, quarto maior banco espanhol, anunciado na sexta-feira - fez com que o chefe do governo, Mariano Rajoy, lançasse uma mensagem tranquilizadora nesta segunda-feira.

Em uma coletiva de imprensa em Madri, Rajoy, que desde sua posse em dezembro comparece pouco diante da imprensa, se esforçou para acalmar os investidores e pediu uma ação europeia para dissipar as dúvidas sobre o euro, em um momento em que a Espanha se encontra sob uma forte pressão dos mercados.

"Há dúvidas importantes sobre a Eurozona e isso faz com que o prêmio de risco de alguns países esteja muito elevado, por isso seria muito importante um chamado claro sobre a irreversibilidade do euro", afirmou, depois que o excedente que a Espanha deve pagar para se financiar a dez anos em comparação com a Alemanha alcançou um novo nível histórico de 509 pontos.

"Com um prêmio de risco de 500 pontos básicos, é muito difícil se financiar", admitiu Rajoy. Mas neste aumento, "não acredito que influenciem em nada" os 23,5 bilhões de euros que o Estado deve injetar para resgatar o Bankia, disse.

Quanto ao setor bancário espanhol, foco de todas as inquietações do mercado, Rajoy assegurou que "não vai haver nenhum resgate dos bancos espanhóis".

A ajuda ao Bankia, disse ele, tampouco terá um impacto sobre o déficit deste ano, que teve um objetivo fixado por Madri de 5,3% do PIB, grande redução em relação aos 8,9% registrados em 2011.

"Isto não influencia no déficit de modo algum", disse Rajoy.

O líder espanhol não quis definir, no entanto, seu impacto na dívida. "Não façamos especulações", já que ainda "não está tomada a decisão sobre qual vai ser o procedimento", afirmou, depois que alguns analistas consideraram que o resgate do Bankia vai disparar a dívida espanhola para além dos 79,8% do PIB previstos por Madri para o fim de 2012.


Como era de se esperar, a Bolsa de Madri abriu no vermelho, derrubada pelos papeis dos bancos. A ação do Bankia registrava queda de 28% nesta segunda-feira na Bolsa de Madri, onde o título voltou a ser negociado após a suspensão na sexta-feira, quando a instituição pediu uma ajuda recorde de 19 bilhões de euros ao governo.

Além dos 19 bilhões de euros solicitados, o governo já havia anunciado uma injeção econômica em 9 de maio, sob a forma de empréstimo transformado em participação, o que eleva o resgate público ao Bankia a 23,5 bilhões de euros, um recorde na Espanha.

O governo da Espanha cogita pedir uma ajuda ao fundo de resgate europeu, caso persista a tensão nos mercados, para injetar 30 bilhões de euros no setor bancário, além dos 19 bilhões solicitados pelo Bankia, afirma o jornal El Mundo.

Caso a crise grega prossiga e a taxa de risco continue por volta dos 500 pontos, "a Espanha pode solicitar uma ajuda ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira", segundo uma fonte governamental citada pelo jornal. "É uma possibilidade, mas agora todas as hipóteses são possíveis", disse a mesma fonte.

Procurada pela AFP, uma fonte do ministério espanhol da Economia afirmou que a posição do governo de não pedir ajuda externa "não mudou".

A taxa de juros dos títulos de referência da Espanha a 10 anos era de 6,451% nesta segunda-feira, contra 6,311% na sexta-feira.

O prêmio de risco - o custo que a Espanha deve pagar para obter financiamento a 10 anos na comparação com a Alemanha, tomada como referência europeia - alcançava um novo recorde, a 509 pontos básicos.

O jornal El Mundo também fez referência à possibilidade de Madri pedir ajuda ao FMI.

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