A ministra espanhola de Fomento, Ana Pastor: Pastor disse que a Espanha prepara um consórcio de empresas públicas e privadas para competir na primeira fase da licitação do projeto. (Carlos Alvarez/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2013 às 13h53.
São Paulo - A ministra de Fomento da Espanha, Ana Pastor, iniciou nesta segunda-feira sua terceira visita ao Brasil em menos de um ano para promover as empresas espanholas em um mercado essencial para seu país, e especialmente sua participação no projeto do trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo.
Pastor abriu sua agenda com a inauguração do Fórum Efe Café da Manhã, um ciclo de encontros patrocinados pela empresa espanhola Indra e do qual participaram empresários, funcionários governamentais e jornalistas.
A ministra disse que a Espanha tem as "portas abertas" para o investimento brasileiro, que já é de cerca de 1 bilhão de euros (R$ 2,6 bilhões).
Mesmo assim, o diálogo no fórum teve foco principal em outra direção: a ampliação da presença de empresas do país europeu no Brasil, onde a Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro, atrás apenas dos Estados Unidos.
Uma das áreas de maior interesse é a infraestrutura, cujas deficiências encarecem a exportação de suas colheitas, por exemplo, como admitiu no fórum Thomas Traumann, porta-voz da presidente Dilma Rousseff.
O governo pretende canalizar recursos bilionários para o setor, como no projeto de construção do primeiro trem de alta velocidade da América Latina, que ligará Rio de Janeiro a São Paulo.
Pastor disse que a Espanha prepara um consórcio de empresas públicas e privadas para competir na primeira fase da licitação do projeto.
As ofertas devem ser apresentadas no dia 13 de agosto, por um valor de "bilhões" de dólares, mas a quantia final dependerá das propostas das empresas que concorrerem, explicou à Agência Efe o presidente da empresa ferroviária estatal espanhola Renfe, Julio Gómez-Pomar, que acompanha a ministra em sua viagem pelo Brasil.
Toda a obra exigiria um investimento de R$ 35 bilhões, segundo cálculos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Pastor destacou a ampla experiência da Espanha no segmento de trens de alta velocidade, já que o país conta com a segunda maior rede do mundo, com quase 3.000 quilômetros de extensão, sendo superado somente pela China.
A ministra declarou que haverá transferência de tecnologia ao Brasil se o consórcio ganhador for o espanhol.
A primeira fase da licitação, que será decidida em setembro, será a da fabricação dos trens, a operação ferroviária e a tecnologia de sinalização, de segurança e controle eletrônicos, lembrou Gómez-Pomar.
"A Renfe está trabalhando a fundo na oferta e no plano de mobilidade que vai apresentar, e para formar um consórcio que possa apresentar uma oferta ganhadora", disse.
França, Alemanha, Japão e Coreia do Sul também expressaram interesse em participar da disputa.
A crise na Espanha agilizou a internacionalização de suas empresas, o que se reflete nos números macroeconômicos, ressaltou no fórum o secretário de Estado de Comércio, Jaime García-Legaz.
Ele acrescentou que "o setor externo está sendo o sustento da atividade econômica nestes tempos de crise e vai ser a locomotiva da recuperação espanhola a partir do ano que vem".
O alto funcionário destacou o aumento das vendas à América Latina em um ritmo anual de 15%, à África de 25% e à Ásia de 18% como alternativas aos países da União Europeia afetados pela crise.
Pastor deve se reunir hoje e amanhã em Brasília com o ministro dos Transportes, César Borges; o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo; e o diretor-geral em exercício da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Luiz Macedo Bastos, informou o Ministério de Fomento espanhol.
Otávio Marques de Azevedo, presidente do grupo Andrade Gutierrez, sugeriu à ministra um tema a ser debatido em seus encontros: incentivar a associação entre empresas espanholas e brasileiras em outros mercados.
"Nós às vezes concorremos de maneira pouco inteligente", disse o diretor, que recebeu por sua proposta o aplauso dos empresários de ambos os países.