Economia

Espanha continuará em recessão em 2013, segundo FMI

O Fundo advertiu que as "turbulências" têm se intensificado na Espanha

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy: para a zona do euro, o FMI prevê uma contração do PIB este ano de 0,3%, com uma volta do crescimento em 2013, de 0,7% (©AFP/Archivo / Javier Soriano)

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy: para a zona do euro, o FMI prevê uma contração do PIB este ano de 0,3%, com uma volta do crescimento em 2013, de 0,7% (©AFP/Archivo / Javier Soriano)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2012 às 15h25.

Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a Espanha, país que enfrenta graves dificuldades econômicas, continuará em recessão em 2013, com seu Produto Interno Bruto (PIB) retrocedendo 0,6% no ano, de acordo com as novas previsões mundiais do órgão, divulgadas nesta segunda-feira.

O Fundo advertiu que as "turbulências" têm se intensificado na Espanha, que solicitou ajuda da União Europeia (UE) para seus bancos e anunciou na semana passada novas medidas de ajuste para economizar até 65 bilhões de euros.

Contudo, em seu novo relatório, o FMI estima que a recessão este ano será menos severa que a prevista anteriormente (-1,5%, contra -1,8% de contração do PIB previsto em abril). Para 2013, o PIB recuou 0,6% (contra uma queda de 0,1% prevista em abril).

"A turbulência nos mercados tem se acelerado na Espanha devido a novas preocupações quanto a seu sistema financeiro e pelas possíveis implicações orçamentárias", disse o FMI, que faz um alerta particular sobre problemas no setor bancário do país.

No dia 8 de julho, a UE acordou um plano de ajuda de até 100 bilhões de euros para os bancos espanhóis, asfixiados desde o estouro da bolha imobiliária espanhola em 2008.

"O principal risco é óbvio: que o círculo vicioso de Espanha e Itália volte mais forte, que a produção baixe ainda mais, que alguns países percam seu acesso aos mercados financeiros", disse durante coletiva de imprensa o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.

Madri não solicitou ainda ajuda do FMI para suas finanças públicas, mas o Fundo, que obteve um papel de supervisão do plano europeu, formulou no mês passado algumas recomendações, como uma alta imediata do IVA e uma diminuição dos salários dos funcionários públicos.


As medidas anunciadas na quarta-feira passada pelo presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, atendem esses pedidos e incluem uma alta do IVA de 18 a 21% e uma reforma da administração.

O FMI reconheceu na semana passada que esses ajustes seriam "difíceis", mas que eram "passos na direção correta", conforme afirmou seu porta-voz, Gerry Rice.

A UE acordou conceder um ano mais, até 2014, a Espanha para que reduza seu déficit público para menos de 3% do PIB.

Contudo, em troca, pediram ao governo da Espanha um plano de ajustes para reduzir o déficit a 6,3% do PIB este ano, a 4,5% em 2013 e a 2,8% em 2014.

"Os anúncios de Rajoy devem ajudar a Espanha a alcançar esses objetivos", disse o FMI.

O número de protestos na Espanha também tem crescido na mesmo proporção em que aumentam os anúncios de cortes.

O FMI, que nesta segunda-feira reduziu marginalmente sua previsão de crescimento para este ano da economia mundial para 3,5%, concentrou suas preocupações nos países já resgatados, que chamou de "periferia do euro" e nos quais incluiu a Espanha.

Este novo relatório do FMI não oferece previsões atualizadas para a Grécia, outro país da Eurozona em grandes dificuldades, mas disse que a situação do país, que recebe ajuda financeira internacional, continua "confusa".

Quanto a Portugal, que também pediu ajuda do FMI, o relatório disse que o ajuste orçamentário foi desenvolvido "dentro do previsto", assim como houve na Irlanda.

Para a zona do euro, o FMI prevê uma contração do PIB este ano de 0,3%, com uma volta do crescimento em 2013, de 0,7%.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEspanhaEuropaFMIPiigs

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE