Economia

Espanha considera Brasil como "porto favorito"

García-Margallo iniciou nesta quarta-feira uma visita de três dias ao Brasil

Segundo Patriota, "as perspectivas futuras são muito boas", até pela possível participação de capitais espanhóis nos projetos vinculados à Copa do Mundo de 2014 (Elza Fiúza/ABr)

Segundo Patriota, "as perspectivas futuras são muito boas", até pela possível participação de capitais espanhóis nos projetos vinculados à Copa do Mundo de 2014 (Elza Fiúza/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2012 às 19h14.

Brasília - O ministro das Relações Exteriores e Cooperação da Espanha, José Manuel García-Margallo, garantiu nesta terça-feira que o Brasil é e continuará sendo "um porto favorito" aos investimentos espanhóis, apesar dos problemas enfrentados pela economia de seu país e da União Europeia (UE).

García-Margallo iniciou nesta quarta-feira uma visita de três dias ao Brasil. Sua primeira atividade oficial foi uma reunião com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, na qual ambos se comprometeram a "atualizar" no curto prazo o acordo de associação estratégica assinado pelos dois países em 2003.

Após uma reunião de trabalho que durou cerca de duas horas, o ministro espanhol destacou a "importância estratégica" que a Espanha confere a sua relação com a América Latina, e em particular com o Brasil, país que em junho receberá as visitas do Rei Juan Carlos e do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy.

García-Margallo explicou que a economia espanhola atravessa um "momento regular" e se encontra na "fase mais aguda do tratamento" que o governo Rajoy aplicou há quatro meses para atender às dificuldades da crise financeira.

O ministro expressou sua confiança de que essas dificuldades, tanto para a UE como para a Espanha, serão passageiras e as atribuiu a uma "crise de crescimento" e ao malogro da Europa em melhorar sua governança econômica.

No caso particular da Espanha, ele considerou agravantes o rápido crescimento da dívida pública, os investimentos em setores pouco produtivos, como o imobiliário, e a falta de competitividade das empresas, que, em sua opinião, levaram a "manifestações específicas e muito dolorosas" em termos de crescimento e emprego.

Apesar desses obstáculos, ele ressaltou que, com as medidas que estão sendo aplicadas pelo governo Rajoy, "a economia começará um novo ciclo de desenvolvimento que permitirá seguir investindo" nos países onde as empresas espanholas já o fazem - e nesse momento chamou o Brasil de "porto favorito".


García-Margallo transmitiu confiança ao Brasil e assegurou que "os fluxos de investimentos" mútuos serão acentuados. Segundo ele, tanto Espanha como a própria UE serão "atores mais fortes do que eram" no contexto econômico mundial.

Patriota, por sua vez, mencionou dados segundo os quais o comércio entre Brasil e Espanha em 2011 cresceu quase 20% em relação ao ano anterior e totalizou cerca de US$ 8 bilhões.

Além disso, ele destacou que os investimentos espanhóis no Brasil, que acumularam nos últimos 12 anos cerca de US$ 40 bilhões, foram "da ordem de US$ 4,8 bilhões" só em 2011, em plena crise financeira global.

Segundo Patriota, "as perspectivas futuras são muito boas", até pela possível participação de capitais espanhóis nos projetos vinculados à Copa do Mundo de 2014, que será organizada no Brasil.

Os dois ministros também analisaram assuntos de ordem global e regional e reafirmaram a vontade política de Espanha e Brasil em finalmente chegar a um acordo comercial entre UE e Mercosul, que se negocia sem sucesso há oito anos.

Nesse ponto, García-Margallo disse que, para chegar a esse objetivo, todos os países que fizerem parte das negociações devem se ajustar às regras internacionais, fazendo uma clara alusão à desapropriação da companhia petrolífera YPF do controle do grupo espanhol Repsol na Argentina.

"Desejamos que o acordo com o Mercosul seja de região para região e que possa ser aprovado por todos os Parlamentos (europeus)", declarou o ministro espanhol. Mas para isso, segundo ele, "todos os países que fizerem parte de uma associação" dessa natureza devem "se ajustar às regras" internacionais e, aquele que expropria uma empresa, deve fazê-lo de acordo com um procedimento regulado e um preço justo.

"Continuamos tentando chegar a um acordo com a Argentina e assim restabelecer relações que nunca deveriam ter se denegrido", indicou García-Margallo, que expressou ainda sua confiança de que "governos amigos", como o do Brasil, "ajudarão neste assunto".

García-Margallo e Patriota também se comprometeram a pôr fim aos impedimentos consulares existentes para a entrada de seus cidadãos no território do outro país. Segundo eles, funcionários consulares de ambos os países se reunirão no dia 4 de junho para resolver o problema.

Após suas atividades em Brasília, o ministro espanhol continuará sua visita nesta quinta-feira em São Paulo, onde se reunirá com empresários e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e concluirá na sexta-feira no Rio de Janeiro. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilEspanhaEuropaInvestimentos de empresasPiigs

Mais de Economia

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos