Economia

Espanha cogita todas as opções para reduzir pressão

Os países da zona do euro trabalham atualmente em quatro ideias principais para responder a curto prazo às dificuldades de financiamento de países como a Espanha.

Euro: a taxa de risco espanhola chegou a 542 pontos (Joel Saget/AFP)

Euro: a taxa de risco espanhola chegou a 542 pontos (Joel Saget/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 20h18.

Bruxelas - Fontes do governo da Espanha disseram nesta quinta-feira que o país está aberto a qualquer uma das opções que estão sobre a mesa de debates para reduzir a pressão sobre a dívida soberana e não prioriza nenhuma delas.

Os países da zona do euro trabalham atualmente em quatro ideias principais para responder a curto prazo às dificuldades de financiamento de países como a Espanha. Nesta quinta-feira, a taxa de risco do país chegou a 542 pontos e o yield (taxa de retorno) dos bônus com vencimento em dez anos atingiu cerca de 7%, patamar que em outras ocasiões foi motivo para resgate financeiro.

As discussões ocorrem em vários encontros paralelos à cúpula de chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE), concentradas na reunião dos líderes da zona do euro que será realizada nesta sexta-feira também em Bruxelas.

As reuniões desta quinta-feira contam com a presença do diretor-geral do Tesouro espanhol, Íñigo Fernández de Mesa, e o secretário de Estado do Escritório Econômico do governo, Álvaro Nadal, indicaram fontes diplomáticas.

Sobre a mesa de negociações, figura a possibilidade de os fundos europeus de resgate comprarem títulos da dívida soberana no mercado primário dos países com problemas que estiverem cumprindo com seus compromissos de reforma, como destacou o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti.

Também se debate, segundo as fontes do Palácio de La Moncloa (sede do governo espanhol), a possibilidade de recapitalizar de forma direta os bancos espanhóis, ou seja, sem passar pelo Estado e, portanto, limitando o impacto do empréstimo nas contas públicas e na dívida soberana.


O terceiro grande assunto que a zona do euro discute é a possibilidade de modificar as normas do fundo de resgate permanente (conhecido como MEE) para que não tenha categoria de credor preferencial, como ocorre com o fundo temporário (FEEF).

A priori, o MEE, que será o fundo encarregado de canalizar o empréstimo à Espanha assim que entrar em vigor, terá preferência para a cobrança frente a outros credores, o que gera dúvidas aos investidores privados e se considera um perigo para a sustentabilidade da dívida soberana.

Ao debate se somou nas últimas horas a proposta da Finlândia para que os países sob pressão emitam bônus de dívida garantida, respaldados por bens do governo ou por determinadas receitas fiscais. A Espanha está por enquanto estudando essa proposta, segundo as fontes.

Para a Itália, o outro país protagonista do debate, a ideia finlandesa 'não é útil' e não serviria para 'resolver os problemas' nem poderia avançar como alternativa aos eurobônus, indicaram fontes do país.

A Espanha, por enquanto, defende 'um compromisso para garantir a sustentabilidade da dívida, pela via que for', assinalaram fontes do La Moncloa.

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, se mostrou nesta quinta-feira confiante de que a cúpula de dois dias em Bruxelas tome 'alguma decisão' para resolver o problema.


'Neste momento, o preço do crédito à Espanha é evidentemente muito caro e eu acho que a União Europeia e a União Econômica e Monetária devem estar cientes de que isto é assim, e que alguma decisão terá de adotar', disse Rajoy em sua chegada a um encontro prévio do Partido Popular Europeu.

Qualquer outra medida 'não serve para nada se não nos pudermos financiar', advertiu o chefe do Executivo espanhol.

Rajoy alertou que a Espanha está pagando 'preços elevados demais' e assegurou que 'há muitas instituições públicas espanholas que nem sequer podem ser financiadas'.

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