A pressão sobre a Espanha não diminuiu nem com as notícias da vitória eleitoral dos partidos mais moderados da Grécia (©AFP / Philippe Huguen)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2012 às 17h03.
Madri - A Espanha teve de pagar nesta terça-feira os juros mais altos de sua dívida pública desde 2000 para leiloar 3,039 bilhões de euros em papéis a curto prazo, embora a alta demanda para as letras do Tesouro espanhol tenha relaxado as tensões que o país sofreu nos últimos dias nos mercados financeiros.
Esse alívio teve reflexo na Bolsa de Valores de Madri, onde o índice Ibex-35 registrou alta de 2,67%, a quarta maior do ano. A taxa de risco fechou aos 551 pontos básicos, após ter concluído o pregão anterior em 574 pontos, embora o bônus a dez anos tenha se mantido nesta terça-feira acima de 7%.
O Tesouro Público não teve problemas em leiloar 3,039 bilhões de euro em letras a 12 e 18 meses diante da grande aceitação por parte dos investidores, mas se viu obrigado a aplicar juros superiores a 5%, os mais altos desde a criação do euro.
A pressão sobre a Espanha não diminuiu nem com as notícias da vitória eleitoral dos partidos mais moderados da Grécia e partidários da permanência de Atenas na zona do euro nem com a ampliação para US$ 456 bilhões do firewall do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mas, uma vez encerrado o leilão desta terça-feira, houve um relaxamento das tensões. O custo extra que os investidores exigem pela compra de papéis da dívida espanhola em relação aos da Alemanha - títulos de referência na Europa - registrava ligeira moderação.
Segundo os analistas do Self Bank, a confiança na Espanha se enfraquece porque os empréstimos aos bancos, entre eles a linha de crédito de até 100 bilhões de euros aprovada pela zona do euro, computam como dívida para o país.
Na Cúpula do G20 realizada nesta segunda e terça-feira no México, o chefe do Executivo espanhol, Mariano Rajoy, considerou "extremamente prejudicial" o mecanismo de ajuda aos bancos espanhóis porque vincula o risco bancário ao risco da dívida soberana.
O comissário de Concorrência da União Europeia (UE), Joaquín Almunia, não descartou nesta terça-feira uma potencial modificação do fundo europeu de resgate para incluir a recapitalização direta dos bancos.
Em discurso à Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, Almunia explicou que, "até agora, segundo as análises, não é possível com a legislação atualmente vigente, mas não se deve descartar que isso possa ser modificado então".
O Ministério de Economia espanhol destacou a alta demanda do leilão desta terça-feira, "apesar da atual situação dos mercados", assim como o fato de que os juros aplicados estão ainda "abaixo da cotação atual de mercado desses títulos".