Economia

Equipe econômica quer incluir militares na reforma, dizem fontes

Para viabilizar a aprovação, a estratégia que o novo governo adotará será a de falar o menos possível para evitar que corporações se mobilizem de antemão

Bolsonaro quando ainda era candidato com estudantes de colégio militar em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Bolsonaro quando ainda era candidato com estudantes de colégio militar em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 18h49.

Última atualização em 15 de janeiro de 2019 às 18h53.

A equipe econômica espera incluir os militares na reforma da Previdência sob o argumento de que todos precisarão contribuir, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto sob condição de anonimato.

Ainda nesta terça-feira, cenários de reforma serão apresentados ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que levarão, ainda esta semana, ao presidente Jair Bolsonaro. Caberá ao presidente a decisão final sobre o teor do texto a ser apresentado ao Congresso.

O presidente terá que decidir, por exemplo, sobre o tempo de transição da reforma. Um dos cenários conta com uma transição de 10 anos.

Apesar de integrantes do novo comando militar terem defendido que as Forças Armadas fiquem de fora das mudanças na Previdência, predomina na equipe econômica a avaliação de que todos precisarão contribuir. Os militares, assim como policiais e professores, poderão ter regras diferenciadas pela natureza de seus trabalhos.

Para viabilizar a aprovação da reforma, a estratégia que o novo governo adotará será a de falar o menos possível para preservar a proposta. A avaliação é que um dos erros cometidos pelo governo de Michel Temer foi ter precipitado a divulgação de sua proposta de reforma, permitindo que categorias se organizassem para pressionar parlamentares.

Em um cenário ideal para a atual equipe econômica, a aprovação da reforma acontecerá, nas duas casas, até junho.

Com o objetivo de reforçar o discurso de fim dos privilégios, a equipe econômica quer que o presidente assine, antes de embarcar para o Fórum Econômico de Davos, a medida provisória para reduzir fraudes no sistema previdenciário. Outro ponto que será atacado pelo governo serão as dívidas previdenciárias. A nova gestão pretende mostrar à população o que realmente pode ser recuperado.

Entre os pontos mais consensuais está a utilização de ao menos partes da reforma que já está em tramitação na Câmara dos Deputados. Para distanciá-la do ex-presidente Michel Temer, o governo poderá trocar o relator da matéria.

Durante a gestão passada a relatoria ficou a cargo do deputado Arthur Maia (DEM-BA), mas a visão da nova equipe é de que a manutenção do parlamentar no cargo é ruim para o distanciamento que o novo governo quer em relação a Temer.

No Congresso, o novo governo já está organizando a apresentação da reforma aos novos parlamentares na primeira semana de fevereiro, logo após a eleição para presidência da Casa. O escolhido para comandar a Câmara, por exemplo, pode atrapalhar um pouco os planos do novo governo.

Segundo uma fonte, caso Fabio Ramalho (MDB-MG) vença a disputa com Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo poderá contabilizar mais um empecilho no caminho da reforma.

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