Economia

Entre a “prensa” e a realidade: as finanças do novo governo

Aumento de salários dos ministros do Supremo e aprovação do Rota 2030 mostram tamanho do desafio orçamentário do futuro governo

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: De pauta em pauta, o desafio do Executivo vai ficando maior (Sérgio Moraes/Reuters)

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: De pauta em pauta, o desafio do Executivo vai ficando maior (Sérgio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 07h24.

Última atualização em 8 de novembro de 2018 às 07h44.

A relação entre o futuro governo de Jair Bolsonaro e o Congresso deve voltar à pauta nesta quinta-feira, quando o governo reforça os esforços pela aprovação de uma reforma da Previdência ainda este ano. Um grupo de parlamentares deve visitar Bolsonaro no prédio do Banco do Brasil que serve de sede da equipe de transição, em Brasília. O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, também tem uma série de reuniões para tratar do ajuste fiscal no próximo governo. Ontem Bolsonaro precisou vir a público colocar panos quentes na declaração de Guedes de que daria uma “prensa” no Congresso pela aprovação da Previdência.

Ontem, o Senado deu mostras de que não se pauta pela agenda pretendida pelo governo, ao aprovar um aumento de 16% nos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal, o que deve levar a um efeito em cascata que onere o orçamento do governo federal em até 4 bilhões de reais em 2019. A proposta é que o aumento seja compensado por mudanças nas regras do auxílio-moradia de magistrados, numa pauta que pode ser votada pelo Supremo ainda este ano.

Ainda assim, Bolsonaro deixou claro não ter ficado satisfeito com o aumento. “Obviamente que não é o momento. Estamos terminando o ano com déficit e começando com déficit”, afirmou. “Todos tem que colaborar para que o brasil saia desta crise”.

De pauta em pauta, o desafio do Executivo vai ficando maior. Outra medida, aprovada nesta quarta-feira na Câmara, também trará perdas em 2019. Os deputados aprovaram o texto base do Rota 2030, programa que pode levar a uma renúncia fiscal de 2 bilhões de reais para as montadoras no ano que vem. Para isso, elas precisam investir 5 bilhões de reais em tecnologias que melhorem a eficiência energética dos veículos.

A quinta-feira também deve ser de trabalho para a equipe de transição em outras frentes. O futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, deve encontrar o atual titular da pasta, Torquato Jardim, e também com o comandante da equipe de transição, Onyx Lorenzoni. Ontem, Moro encontro o titular da Segurança Pública, Raul Jungmann, e pediu que o Congresso aprove medida que traga recursos de loterias para a segurança. “Sem recursos, não é possível desenvolver projetos”, afirmou.

Dia após dia, o futuro governo vai saindo do mundo ideal das ideias para a dureza da vida real de Brasília.

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