Economia

Entrada de lucros e dividendos reduz déficit nas contas externas

De acordo com dados do Banco Central, em janeiro, o resultado líquido (receitas menos despesas) dos lucros e dividendos ficou positivo em US$ 437 milhões

Contas externas: as compras e as vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo ficaram negativas em US$ 4,310 bilhões (WEB/Divulgação)

Contas externas: as compras e as vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo ficaram negativas em US$ 4,310 bilhões (WEB/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 14h14.

A maior entrada no país de lucros e dividendos de filiais de empresas brasileiras no exterior reduziu o déficit nas contas externas em janeiro. E a expectativa para este mês é de mais entrada desses recursos no Brasil.

De acordo com dados do Banco Central (BC) divulgados hoje (26), em janeiro, o resultado líquido (receitas menos despesas) dos lucros e dividendos ficou positivo em US$ 437 milhões. No resultado parcial deste mês, até o dia 22, a entrada líquida de lucros e dividendos está em US$ 500 milhões, com receitas de US$ 1,5 bilhão.

Em janeiro as contas externas, também chamadas de transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo, ficaram negativas em US$ 4,310 bilhões. Esse foi o menor resultado da série para meses de janeiro desde 2009, quando foi registrado déficit de US$ 3,45 bilhões. O resultado ficou abaixo do projetado pelo BC para o mês, que era US$ 5,3 bilhões. Para fevereiro, a expectativa é de resultado positivo nas transações correntes em US$ 300 milhões.

O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que a entrada desses recursos se concentra em janeiro e fevereiro devido aos resultados das empresas no ano anterior. "Ao mesmo tempo, o déficit [em janeiro] foi menor do que o ocorrido em janeiro de 2017 [US$ 5,085 bilhões] e do que o Banco Central tinha estimado. Isso se deve fundamentalmente a uma receita de lucros e dividendos de um pouco mais de US$ 1 bilhão acima do que tínhamos esperado. São subsidiárias de empresas brasileiras no exterior que mandaram recursos para o país na forma de lucros e dividendos. Isso deve ocorrer novamente em fevereiro", disse Rocha.

Apesar desses resultados melhores nos primeiros meses do ano, o BC estima déficit em transações correntes neste ano de US$ 18,4 bilhões, maior do que os US$ 9,762 bilhões em 2017. "A razão deste aumento é o maior dinamismo da atividade econômica doméstica, que aumenta a demanda. Uma parte dessa demanda vai ser direcionada para bens e serviços no exterior", disse.

Rocha citou que o crescimento da economia leva a um aumento de importações de mercadorias, gastos com transportes e viagens internacionais. Entre os itens do setor de serviços, Rocha afirmou que o aluguel de equipamentos ainda não indicou melhora. "A conta de aluguel de equipamentos está associada com despesas de investimentos. Essa conta ainda não se recuperou", disse. Entretanto, ele avalia que os investimentos começaram a crescer, após o período de recessão, e pode haver demanda de aluguel no país em vez da procura pela exterior.

Investimento estrangeiro

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir esse déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque os recursos são aplicados no setor produtivo do país. Em janeiro, esses investimentos chegaram a US$ 6,466 bilhões. O resultado ficou acima da estimativa do BC para o mês, que era US$ 3,5 bilhões. Segundo Rocha, no final de janeiro ocorreram duas operações que somaram US$ 2 bilhões, além de outros investimentos disseminados que influenciaram o resultado. Neste mês, até o dia 22, esses investimentos chegaram a US$ 3 bilhões e devem fechar o mês em US$ 4,2 bilhões.

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