Economia

Entenda o grau de investimento de um país

As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, e podem implicar alto custo para o governo pegar dinheiro emprestado


	Economia: o grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública
 (Thinkstock/AndreyPopov)

Economia: o grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública (Thinkstock/AndreyPopov)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 17h24.

Brasília - A classificação de risco por agências estrangeiras é uma escala que representa a confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país.

As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, e podem implicar alto custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores.

As agências atribuem também notas aos títulos de empresas emitidos no mercado financeiro, avaliando a capacidade de as companhias honrarem os compromissos.

O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a dívida pública sobe à medida que a nota diminui.

Quando um país dá calote, os títulos passam a ser considerados como lixo. O mesmo vale para as empresas.

As agências mais conceituadas pelo mercado, Fitch, a Moody's e a Standard & Poor's (S&P), mandam técnicos aos países avaliados para analisarem as condições da economia.

Uma avaliação positiva possibilita a um país e suas empresas levantarem recursos no mercado internacional com custos menores e melhores condições de pagamento.

Da mesma forma, uma boa classificação atrai investimentos estrangeiros ao país. Fundos de pensão investem apenas em países com grau de investimento concedido por, pelo menos, duas agências de classificação de risco.

Caso contrário, o país passa a ser considerado de grau especulativo.

Em 2008, o Brasil tinha sido elevado à categoria de grau de investimento. A primeira agência a incluir o país na categoria foi a S&P, em abril daquele ano.

A decisão foi seguida pela Fitch, em maio do mesmo ano, e pela Moody's, em setembro de 2009. Atualmente, somente a Moody's classifica o Brasil no último nível do grau de investimento.

Quando retirou o grau de investimento do país, em setembro, a S&P concedeu perspectiva negativa, abrindo caminho para que a nota fosse reduzida novamente.

Em dezembro, a Fitch reduziu a nota do país para um nível abaixo da categoria de bom pagador. Na Moody's, a nota da dívida brasileira está com perspectiva negativa há dois meses e também pode ser cortada a qualquer momento.

No caso dos títulos públicos, o grau de investimento ajuda um país a conseguir juros mais baixos nos papéis da dívida externa. Por meio da dívida pública, um governo emite títulos para levantar recursos no mercado financeiro.

O dinheiro serve para atender às necessidades de financiamento e permitir que o Tesouro honre os compromissos de curto prazo.

Em troca, o governo compromete-se a devolver o dinheiro aos investidores com juros. Quanto menores as taxas, maior a confiança na capacidade de pagamento do país.

Embora as notas sirvam de parâmetro para credibilidade de governos e de empresas no mercado financeiro, as agências de classificação de risco enfrentam críticas por terem errado nos prognósticos.

Antes de 2008, as agências deram notas altas para as operações de venda de créditos imobiliários nos Estados Unidos, que entraram em colapso e desencadearam uma crise econômica global.

Em 2013, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu investigação contra a Standard & Poor's por suspeita de fraude na classificação de produtos hipotecários.

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