Economia

Entenda a situação da economia britânica diante do Brexit

Enquanto país se prepara para deixar a UE, desemprego é o mais baixo dos últimos 45 anos, mas a economia corre risco de cair em profunda recessão

Reino Unido: manifestantes anti-Brexit protestam em Londres (Henry Nicholls/Reuters)

Reino Unido: manifestantes anti-Brexit protestam em Londres (Henry Nicholls/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de setembro de 2019 às 16h53.

O desemprego no Reino Unido alcançou seu nível mais baixo dos últimos 45 anos, segundo dados oficiais publicados nesta terça-feira, 10, mas a economia ainda corre o risco de cair em uma profunda recessão devido às turbulências do Brexit.

Este é o estado da economia britânica quando o país se prepara para deixar a União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo, segundo o primeiro-ministro Boris Johnson.

Quão positivos são os dados do emprego?

A taxa de desemprego no Reino Unido caiu para 3,8% no final de julho, em comparação com 3,9% no mês anterior, no nível mais baixo desde 1974.

Por outro lado, os salários aumentaram 4% no acumulado de 12 meses, seu nível mais alto desde 2008, mas impulsionado por pagamentos de prêmios e bônus.

À primeira vista, os dados parecem positivos, mas a baixa taxa de desemprego não está aumentando a produtividade. Muitos funcionários trabalham em período parcial ou têm "contratos de hora zero" que não oferecem garantia mínima de tempo de trabalho, afirmam analistas.

"O emprego tem aumentado, mas o crescimento tem sido medíocre, então o salário por hora trabalhada realmente diminuiu", disse à AFP Howard Archer, consultor econômico do EY ITEM Club.

"Pode haver algumas empresas que contratam trabalhadores recentemente devido à preocupação de que, com um mercado de trabalho razoavelmente apertado e o Brexit, eles não serão capazes de obter os trabalhadores de qualidade de que precisam no futuro", acrescenta.

Como está a economia britânica, em geral?

A análise da saúde da economia britânica pode mudar rapidamente. Na semana passada, especialistas estimaram que o país estava caminhando para a recessão este ano, mesmo antes do Brexit, em meio a uma desaceleração global.

No entanto, a perspectiva mudou após os dados oficiais publicados na segunda-feira, segundo os quais o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,3%, muito melhor do que o esperado, em julho.

Apesar de tudo, os especialistas continuam a prever uma recessão séria em caso de saída sem acordo da União Europeia.

"A economia do Reino Unido ainda está em uma posição forte, desafiando os anúncios de recessão", afirma Chris Beauchamp, analista de mercado do IG, após os dados do PIB e os números de empregos serem "sólidos, mas não espetaculares".

Qual o impacto de uma libra fraca?

A libra, considerada um indicador melhor da saúde econômica do Reino Unido do que a Bolsa de Londres, carregada de multinacionais, continua sofrendo com a volatilidade causada pelo Brexit.

Na semana passada, ela caiu abaixo de US$ 1,20 pela primeira vez em quase três anos, atingindo o nível mais baixo desde 1985, exceto por um "choque relâmpago" em 2016.

Uma das principais consequências da fraqueza da moeda foi o aumento dos custos de importação, o que, por sua vez, contribuiu para o aumento da inflação.

Mas enquanto o Banco da Inglaterra normalmente tentaria aumentar as taxas de juros para limitar o aumento da inflação, a incerteza do Brexit fez com que ele não agisse. Sua principal taxa de juros está em apenas 0,75%.

Os supermercados tentaram evitar impactar seus custos mais altos nos consumidores devido à forte concorrência de preços no setor de distribuição de alimentos. Mas as pequenas empresas acham mais difícil e os britânicos que viajam para o exterior pagam férias mais caras.

Brexit com ou sem acordo?

Embora o Reino Unido possa evitar cair na recessão se alcançar um acordo de saída com a União Europeia, os especialistas preveem uma desaceleração econômica dramática no caso de um Brexit sem acordo.

A última avaliação do Banco da Inglaterra prevê uma queda do PIB britânico de 5,5% após um Brexit duro. Segundo a mesma estimativa, o desemprego aumentaria a 7% e a taxa de inflação anual se elevaria a 5,25%, frente ao 2,1% atual.

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